sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Evagro o Pôntico: ANTIRRETIKOS

EVAGRO O PÔNTICO: ANTIRRETIKOS




LOUKIOS: CARTA A EVAGRO



Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, um só Deus. Carta do santo Padre Loukios ao santo Padre Evagro. Possa o Senhor conceder-nos as bênçãos em dobro por suas orações.

Você, Padre, viveu no deserto como se estivesse no seio de sua mãe, por todos esses anos, lutando contra inimigos invisíveis. Ó honrado Padre Evagro, você empunhou as armas da alma combatente, e se tornou um experiente soldado contra os espíritos de perversidade, que não apenas se tornou objeto de pânico entre os demônios, como ainda incitou muitos seguidores que se tornaram também combatentes contra os espíritos do mal e os pensamentos impuros.

Assim sendo, eu lhe peço a sua autoridade para classificar a luta contra os seres das trevas, e imploro a sua santidade para compor para mim um claro tratado relativo a este assunto, para que eu me familiarize com todas as perfídias que o demônio se esforça por cometer e produzir no caminho do monaquismo. Mande-nos, para que também nós, seus amigos, possamos afastar de nós com facilidade suas maldosas sugestões. Pois eu sei que você irá atender a quem só lhe pede coisas espirituais, e foi por isso que envio esta mensagem a você. Despeço-me, e fique com Deus.


  EVAGRO: CARTA 4


1. Recebi a carta de sua santidade, na qual você demonstra amplamente seu amor por nós e nos pede que lhe mandemos algo de nossos trabalhos. Eu não queria lhe enviar nada por minha própria conta devido ao meu embaraço diante de sua temperança. Mas agora, como me foi ordenado, eu imediatamente obedeci e lhe envio o tratado com as respostas, para que você o leia, corrija e complete quaisquer lacunas, caso tenhamos apresentado de modo impreciso algum dos pensamentos impuros ou não tenhamos conseguido uma resposta apropriada que se oponha a eles. Eu lhe confesso reverentemente que algumas vezes eu não pude lidar com os pensamentos demoníacos como deveria, pois fui frequentemente impedido por eles, e depois de sua partida eu tive que suportar sofrimentos indizíveis vindos deles. Mas agora eu agradeço a nosso Senhor pelas coisas que ouvi e aprendi de você, como tanto roguei.

2. Seja para mim, portanto, um arauto da continência, um auditor da humildade e um destruidor “dos raciocínios presunçosos e de qualquer poder altivo que se levante contra o conhecimento de Deus[1]”, para que no momento da oração o intelecto possa ter a fala sincera que caracteriza aqueles que transcenderam estes [pensamentos] e para que ele [o intelecto] possa não se tornar pesado ou se dobrar por ter sido golpeado pela ira ou derrubado pelo desejo. Estas coisas acontecem às pessoas irascíveis e gulosas que não praticam a abstinência durante o dia e que assim não escapam às ilusões do demônio durante a noite.

3. Você sabe tanto quanto eu por nosso Senhor Jesus Cristo que a leitura das divinas Escrituras é muito útil para a purificação, porque ela retira o intelecto da ansiedade do mundo visível, de onde se origina a perversidade dos pensamentos impuros, que enlaçam o intelecto por meio das paixões e o amarram às coisas corpóreas. Não hesite, portanto, em conversar com os irmãos, em ler as Escrituras nos momentos adequados, para “não amar o mundo ou qualquer coisa que exista no mundo[2]” e para se manter vigilante aos pensamentos, que é um poderoso veneno que os demônios detestam.

4. Quando a batalha é conduzida com discernimento ela se enche de pensamentos, mas cria uma grande pureza de raciocínio porque os demônios já não podem difamar ou acusar a alma. Pois assim como uma sabedoria prática atribui um juízo racional em assuntos práticos, também o discernimento se incumbe das impressões que acontecem no raciocínio, discernindo o sagrado do profano e os pensamentos puros dos impuros. E, de acordo com as palavras proféticas, o discernimento adquire a experiência dos truques dos demônios maledicentes, que imitam a percepção e a memória com o objetivo de ludibriar a alma racional que busca o conhecimento de Cristo.

5. Assim, todos os que se alistarem neste exército devem pedir o discernimento a Deus sem negligenciar as coisas que contribuem para receber esta graça, que são o autocontrole, a mansidão, a vigilância, a retirada, a oração frequente baseada na leitura das divinas Escrituras – pois nada conduz melhor à prece pura do que estas leituras. As práticas ascéticas cortam as paixões destruindo o desejo, a tristeza e a ira, mas a leitura que a elas se segue removem até o apego às representações, transferindo-as para o conhecimento simples, informal e divino, que o Senhor chamou de “quarto[3]” nos Evangelhos, indicando-nos o Pai oculto.



PRÓLOGO


1. Das naturezas racionais que existem “sob o céu[4]”, uma parte luta; outra assiste àquela que luta; e outra enfrenta aquela que luta, opondo-se vigorosamente e combatendo contra ela. Os que lutam são os seres humanos; os que os assistem são os anjos de Deus; e seus oponentes são os demônios ardilosos. Mas não é devido à severidade do poder do inimigo, nem por causa da negligência dos assistentes, mas é pela negligência por parte dos que lutam que o conhecimento de Deus diminui e se extingue neles.

2. Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos deu tudo para nossa salvação, deu-nos também a capacidade de “pisotear as cobras e os escorpiões e todo poder do inimigo[5]”. Ele nos mostrou – juntamente com o resto de todo o seu ensinamento – aquilo que ele próprio fez quando foi tentado por Satanás[6]. No momento da batalha, quando os demônios nos combatem e lançam contra nós suas flechas[7], devemos responder-lhes com as Sagradas Escrituras, para que os pensamentos impuros não persistam em nós, escravizando a alma por meios dos atos, manchando-a e mergulhando-a na morte trazida pelo pecado. Pois “a alma que peca deve morrer[8]”. Quando pensamento ainda não está firmemente enraizado no intelecto e a pessoa pode contestar o mal, o pecado é fácil e rapidamente descartado. Isto está sabiamente declarado no Eclesiastes: “Dado que não se executa logo a sentença contra quem praticou o mal, o coração dos homens está sempre inclinado a praticar o mal[9]”. Também Salomão disse em seus Provérbios: “Não responda ao insensato conforme a sua insensatez, para que você não se iguale a ele. Responda ao insensato conforme a insensatez dele, para que ele não se considere sábio[10]”. Ou seja, se alguém comete um ato insensato e fica irritado com a resposta de seu irmão, agindo desta forma “insensata conforme a sua própria insensatez” se torna como um demônio, pois sua irritação é como “o veneno das serpentes[11]”. Mas a pessoa que é paciente e diz: “Está escrito: Deixa a ira e abandone o furor[12]”, respondeu ao insensato “conforme a insensatez dele”, reprovando o demônio em sua estupidez e mostrando que aprendeu que existe um antídoto para isto conforme as Escrituras.

3. Porém, as palavras necessárias para responder contra os inimigos, os demônios cruéis, não podem ser achadas rapidamente no momento do conflito, porque se encontram espalhadas pela Escritura e são difíceis de encontrar. Assim, selecionamos cuidadosamente as palavras da Sagrada Escritura, de modo a nos equiparmos com elas e expulsarmos os Filisteus à força, permanecendo firmes na batalha como guerreiros e soldados de nosso vitorioso Rei, Jesus Cristo.

4. Vamos entender o seguinte, meu bem-amado: na medida em que resistimos aos demônios que nos confrontam, respondendo a eles por meio da palavra, eles se tornam cada vez mais azedos em relação a nós. É o que aprendemos de Jó, quando ele diz: “Toda vez que começo a falar, eles me ferem[13]”, e também de Davi: “Eu sou pacífico; mas quando falo com eles, eles me fazem guerra gratuitamente[14]”. Mas não devemos nos deixar abalar por eles; ao contrário, devemos resistir a eles confiando no poder de nosso Salvador. Pois se colocamos nossa confiança em Cristo e guardamos seus mandamentos, poderemos cruzar o rio Jordão e capturar a cidade das palmeiras[15]. Nesta batalha, necessitaremos das armas do espírito[16], que são, em primeiro lugar, a fé verdadeira, e em segundo, o ensinamento, que consiste no jejum perfeito, nas árduas vitórias, na humildade, na quietude – mover-se raramente ou mover-se jamais – e a prece incessante[17]. Eu ficaria espantado se houvesse uma pessoa capaz de combater na guerra que acontece no intelecto, ou que fosse coroada com as guirlandas da correção[18], ao mesmo tempo em que se satisfizesse com pão e água, coisa que bem depressa acirram a ira e levam a desprezar e negligenciar a prece, e a associar-se aos heréticos. Pois são Paulo disse: “Os atletas devem exercitar o autocontrole em todas as coisas[19]”, e mostrar uma constante humildade perante todas as pessoas[20], erguendo as mãos em todos os lugares sem ira nem segundas intenções[21].

5. Assim sendo, será conveniente para nós, ao trabalharmos nesta tarefa, que nos equipemos com as armas do espírito e que mostremos aos Filistinos que estaremos dispostos a lutar contra o pecado até verter sangue[22], destruindo as intenções malignas e “todo orgulhoso obstáculo erigido contra o conhecimento de Deus[23]”. Somos zelosos, para que possamos “estar diante do trono do julgamento de Cristo[24]” não apenas como monges, mas com intelectos monges. Pois o monge é alguém que se afastou do pecado que consiste em ações e realizações, enquanto que um intelecto monge é aquele que se afastou do pecado que nasce dos pensamentos que existem no intelecto e que ao mesmo tempo vê a luz da Santíssima Trindade em sua oração.

6. Agora no entanto é chegado o tempo, “pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo”, de começar a luta pelo demônio da gula e, depois dele, ir contra os pensamentos dos sete outros demônios, que eu descrevi em sequência no início do livro sobre a vida monástica[25]. Eu lutei “para abrir minha boca[26]” e para falar a Deus, a seus santos anjos, e à minha própria alma aflita. Eu tornei pública toda a contenda da vida monástica, que o Espírito Santo ensinou a Davi através dos Salmos, e que os abençoados padres nos entregaram, mas eu a classifiquei neste livro de acordo com cada demônio. Pois, para nós, a guerra terá lugar nos pensamentos que nos virão a partir de cada um desses demônios. E eu escrevi e pautei para cada pensamento uma resposta do Espírito Santo, capaz de exterminá-lo.

 NOTA: todas as citações bíblicas do Antigo Testamento foram extraídas da tradução da Septuaginta para a língua inglesa, efetuada por Sir Lancelot Charles Lee Brenton e originalmente publicada por Samuel Bagster & Sons, Londres, 1851.




LIVRO PRIMEIRO

Contra o Pensamento da Gula

Do Gênesis

1. Contra os pensamentos que buscam, sem o trabalho de jejum, cultivar a terra do intelecto:

Issacar desejou o melhor, deitado entre duas heranças. Vendo que o lugar de repouso era bom, e que a terra era fértil, ele sujeitou seu ombro ao trabalho e se tornou agricultor. (Gênesis 49: 14-15)

Do Êxodo

2. Contra o pensamento que me diz: “Não atormente a sua alma com uma grande quantidade de jejum, por que você ganha não nada com isto e não purifica seu intelecto”:

Com os espelhos das mulheres que jejuavam e velavam o nascer do sol à entrada do tabernáculo, fez uma bacia de bronze, com a base de bronze (Êxodo 38:8).

De Números

3. Contra os pensamentos que despertam em nós o desejo de comer carne em dias festivos [quando se deve guardar o jejum da carne] e que nos aconselham também a comer em virtude das enfermidades:

Então você dirá ao povo: Purifiquem-se pela manhã, e vocês comerão carne, pois vocês se lamentaram diante do Senhor, dizendo: ‘Quem nos dará carne para comer? No Egito estávamos melhor!’ Pois bem! Javé dará carne para vocês comerem, e vocês não comerão apenas um dia ou dois, cinco, dez ou vinte. Pelo contrário, vocês comerão o mês inteiro, até que a carne saia pelas suas narinas e vocês fiquem nauseados, porque desobedeceram ao Senhor que está no meio de vocês, e se lamentaram, dizendo: ‘Por que saímos do Egito?’ (Números 11:18-20).

Do Deuteronômio

4. Contra o pensamento que procura ser preenchido com comida e bebida e que não dá atenção para o mal que surge por se encher a barriga:

Quando você comer e ficar satisfeito, preste atenção a si mesmo: não se esqueça do Senhor, que tirou você da terra do Egito, da casa da escravidão. (Deuteronômio 6: 11-12).

5. Contra o pensamento que me diz: “O mandamento que prescreve o jejum é difícil”:

Este mandamento que hoje lhes ordeno não é muito difícil, nem está fora do seu alcance. (Deuteronômio 30:11).

6. Contra o pensamento que deseja ser preenchido com comida e bebida e que supõe que disto não advém mal algum para a alma:

Jacó comeu e ficou satisfeito, e o amado escoiceou; ele engordou e se tornou gordo e corpulento; então ele rejeitou o Deus que o fizera, se afastou do Deus seu Salvador. (Deuteronômio 32: 15).

De Samuel

7. Contra o pensamento da gula que obriga a comer à hora nona:

[Depois o povo chamou Davi para forçá-lo a comer, enquanto era dia. Mas Davi jurou:] ‘Que Deus me castigue se antes do pôr-do-sol eu comer pão ou qualquer outro alimento’. (2 Reis 3:35).

Do Livro dos Reis

8. Contra o pensamento que sugere a perda de pão, azeite e outras coisas necessárias:

Pois assim diz o Senhor: ‘A vasilha de alimento não ficará vazia e a jarra de azeite não se esgotará, até o dia em que o Senhor mandar chuva sobre a terra’. (3 Reis 17:14).

9. Contra a alma que quer seguir o caminho dos santos, enquanto está cheia do pão e água:

Então o rei de Israel ordenou: ‘Prenda Miquéias e o leve ao governador Semer; e diga a Joás, o filho do Rei, para que o coloque na prisão e o tratem com o pão e a água da aflição, até que eu retorne em paz’ (3 Reis 22: 26-27).

10. Contra o pensamento que nos diz: “Olha, as provisões que reunimos não serão suficientes para nós e para os irmãos que vêm até nós”:

[Seu servo disse: ‘Como vou distribuir isso para cem pessoas?’ E ele disse: ‘Distribua a essas pessoas, e deixe que comam. Porque assim disse o Senhor:] Elas comerão e ainda sobrará’. E todos comeram e ainda sobrou, como o Senhor havia dito. (4 Reis 4:43-44).

De Davi

11. Contra o pensamento que nos amarga na vida de pobreza severa:

O Senhor é o meu pastor. Nada me faltará. (Salmo 22(23):1).

12. Contra a ideia de que, mesmo quando não há escassez, devemos reunir mais pão do que o necessário, sob pretexto de hospitalidade:

Fui jovem e já estou velho, mas nunca vi um justo abandonado, nem sua descendência mendigando pão. (Salmo37 (36): 25).

13. Contra a ideia de se dar atenção aos alimentos e às roupas, mas rejeitar atenção à verdade:

Sim, eu confesso a minha iniquidade, e estarei atento ao meu pecado. (Salmo 38(37) :19).

14. Contra o pensamento que nos aconselha dizendo: “Não viva de forma tão severa; com trabalho constante e jejum, você vai ficar com o seu corpo fraco”:

E ele trabalhou para sempre, e viveu até o fim, de modo que ele não viu a podridão quando assistiu os sábios morrerem. (Salmo 49 (48) :10).

15. Contra o pensamento que diz: “Não se desgaste tão imoderadamente nem aflija a sua alma mantendo vigília”:

A um coração contrito e quebrantado tu não desprezarás, ó Deus. (Salmo 51 (50) :19).

16. Contra o pensamento que se preocupa com comida e bebida e se pergunta sobre onde poderá obtê-los:

Descarregue seu fardo no Senhor, e ele cuidará de você. (Salmo 55(54): 23).

17. Contra o pensamento que sugere, "Manter vigília não irá beneficiá-lo em tudo, ao contrário, pode trazer muitos pensamentos contra você":

Eu vigiei e me tornei como um pardal habitando solitário no telhado. (Salmo 102 (101):8)

18. Contra o pensamento que nos repreende porque nos abstemos de azeite e que não recorda que Davi fez isso e disse:

Jejuei tanto, que meus joelhos se dobraram, e minha carne emagreceu pela falta de azeite. (Salmo 109 (108):24).

19. Contra o pensamento que nos estorva o modo de vida por incutir medo em nós dizendo: “uma morte miserável é o resultado de jejum austero”:

Não vou morrer. Eu viverei para contar as obras do Senhor. (Salmo 118(117):17)

20. Contra o pensamento que quer me convencer a desistir um pouco de manter vigílias frequentes, para dar um pouco de descanso para o corpo fraco e miserável:

Eu não vou entrar no tabernáculo de minha casa, eu não vou subir ao colchão da minha cama; Eu não darei sono aos meus olhos, nem sonolência às minhas pálpebras, nem descanso às minhas têmporas, até encontrar um lugar para o Senhor, um tabernáculo para o Deus de Jacó. (Salmo 132 (131): 3-5)

Dos Provérbios de Salomão

21. Contra o pensamento que prevê para nós a fome ou uma grande aflição em breve:

O Senhor não deixará faminta uma alma direita, mas derrubará a vida dos infiéis. (Provérbios 10:3)

22. Contra o pensamento que me sugere o desejo para o vinho sob pretexto de que o fígado e o baço são prejudicados pela água:

Aquele que se delicia em banquetes de vinho levará a desonra para sua própria fortaleza. (Provérbios 12:11)

23. Contra o pensamento que está ligado aos interesses do desejo por alimentos e que rejeita o zelo com as aquisições da virtude:

Para os que forem cuidadosos haverá abundância, mas o que busca o prazer e o indolente viverão na necessidade. (Provérbios 14:23).

24. Contra o pensamento que deplora os alimentos simples e o pão seco:

Um pequeno bocado tomado com prazer e em paz é melhor do que uma casa cheia de muitas coisas boas, mas com sacrifícios injustos e conflitos. (Provérbios 17 :1)

25. Contra o pensamento que nos convence, em um dia de festa, a mostrar um pouco de misericórdia para com o nosso corpo, oferecendo-lhe algumas iguarias:

O deleite não combina com o tolo, nem é bom se um servo começa a governar com arrogância. (Provérbios 19,10)

26. Contra a ideia que, na ausência de doença grave, nos persuade a beber vinho e nos profetiza sobre dores no estômago e em todo o sistema digestivo:

O vinho é uma coisa intemperante, e a embriaguez leva à violência: mas todo tolo acaba enredado neles. (Provérbios 20:1)

27. Contra o pensamento que toma o nosso intelecto para ligar nosso jejum e nossa prática ascética a um juramento, o que é contrário à vida monástica:

É uma armadilha para um homem consagrar precipitadamente seus bens, pois o arrependimento costuma vir depois do voto. (Provérbios 20:25)

28. Contra o pensamento que nos estorva, sugerindo não dar nosso pão aos necessitados, e dizendo-nos: “esta pessoa pode (encontrar misericórdia) em qualquer lugar, mas nós não podemos nos aproximar da porta de qualquer estranho":

Aquele que mostra misericórdia para com o pobre será conservado, por que deu de seu próprio pão para os pobres. (Provérbios 22:09)

29. Contra a ideia se aproxima de nós gentilmente para nos dizer em um dia de festa que poderíamos apenas uma vez em um longo período de tempo sentir o sabor da carne e do vinho:

Não seja um bebedor de vinho, não frequente muito as festas, nem as feiras em que se vende a carne; pois todo bêbado e todo cliente de prostitutas será pobre, e todo preguiçoso irá se vestir com roupas rasgadas e esfarrapadas (Provérbios 23:20-21)

30.Contra o pensamento que lembra as delícias do passado e recorda os vinhos agradáveis ​​e os copos que segurávamos em nossas mãos enquanto nos reclinávamos à mesa para beber:

Se você não tira os olhos dos copos e das taças, logo você estará mais nu do que um pilão. Ao final você estará estirado como alguém que foi ferido por uma serpente chifruda, cujo veneno começa a correr por suas veias. (Provérbios 23:31-32)

31. Contra o pensamento que nos motiva a encher nossa barriga com pão e água:

Não dê a cama de um homem justo para um pecador, e não se perca por saciar-se ao sofá.[27]

32 Contra a ideia que temos, oposta ao decoro, de respeitar os pais quando eles nos convencem a relaxar o jejum e comer legumes durante uma festa:

Pois há uma vergonha que traz o pecado, e uma vergonha que traz a glória e a graça. (Eclesiástico 4:21)

33. Contra o demônio que me convence através da sua bajulação e me diz mediante promessas: "Você não vai mais sofrer qualquer dano por causa de comida e bebida, porque pelo seu corpo está fraco e seco pelo jejum prolongado":

Um inimigo chorando promete tudo com os lábios, mas em seu coração, ele conspira traições. (Provérbios 28:24).

34. Contra o pensamento que mostra os mandamentos de Deus como se fossem difíceis e nos diz que eles trazem muitas dificuldades e misérias sobre o corpo e a alma:

As feridas do amigo são mais confiáveis ​​do que os beijos espontâneos de um inimigo. (Provérbios 29:6)

Do Eclesiastes

35. Contra o pensamento que pede um pouco de vinho na ausência de doença e diz-me: "Olha, foi para saúde dos seres humanos que o vinho foi criado":

Todas as coisas que Ele fez são belas a seu tempo. (Eclesiastes 3:11)

36. Contra o pensamento que me lembra de festas, comidas e bebidas do passado e deseja voltar a este costume:

É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde se faz festa. (Eclesiastes 7:3).

37. Contra o pensamento que nos persuade a alargar a nossa disciplina para além do que é apropriado, colocando sacos aos lombos, saindo para o deserto, vivendo constantemente ao ar livre, a cuidar de plantas selvagens. Ele nos aconselha, assim, a fugir da vista dos seres humanos que nos confortam e daqueles que são consolados por nós:

Não seja demasiadamente justo, nem se torne sábio demais, para não confundir os outros. (Eclesiastes 7:17).

De Jó

38. Contra o pensamento que nos lembra das festas passadas e nos mostra dificuldades que ocorreram:

Se recebemos e aceitamos os bens de Deus, não devemos também suportar os males? (Jó 2:10).

De Miquéias

39. Contra o pensamento da alma que viaja aos seus parentes e encontra uma mesa cheia de todos os tipos de alimentos:

Levantem-se e partam daqui, pois este não é mais um lugar de repouso por causa da impureza. (Miquéias 2:10)

De Habacuque

40. Contra o pensamento da gula que em dia de festa apresenta muitas pessoas reclinadas em uma fina mesa, exultando de alegria:

Eu me alegrarei em Javé e exultarei em Deus, meu salvador. (Habacuque 3:18)

De Isaias

41. Contra o pensamento que nos lembra os prazeres de uma mesa cheia com todas as coisas boas e que louva estas coisas mais do que a vida monástica:

Ai dos que dizem que o mal é bem e que o bem é mal, dos que transformam as trevas em luz e a luz em trevas, dos que mudam o amargo em doce e o doce em amargo! (Isaías 5:20)

42. Contra o pensamento da alma que está cansada e exausta da fome que provém de pouco de pão água escassa:

E ainda que o Senhor lhe dê pão racionado e água sob medida, aquele que conduz você ao erro não tornará a arrastá-lo para a noite, e os olhos de vocês estarão vendo aquele que os conduz ao erro e seus ouvidos ouvirão aquele que se apresenta para guiá-los à perdição, dizendo ‘este é o caminho, sigamos por ele, seja à direita ou à esquerda’. (Isaías 30:20-21)

De Jeremias

43. Para o Senhor, sobre a enfermidade do meu corpo, que tem sido enfraquecido por muito jejum e esgotado por uma disciplina austera e sobre a minha alma, cheia de maus pensamentos da fornicação:

Senhor, lembre-se de mim e me visite, e me vingue daqueles que me perseguem; não os suporte mais. Saiba como tenho recebido reprovação por sua causa daqueles que ignoram suas palavras. (Jeremias 15:15)

Das Lamentações

44. Para o Senhor sobre o demônio que dá calafrios no estômago e em todos os nervos do corpo, e leva uma grande fraqueza ao corpo, como de fome e de doença prolongada:

Vê, Senhor, como estou angustiado: minhas entranhas fervem e meu coração se transtorna dentro de mim, porque me revoltei. Lá fora, a espada me enluta, como se eu tivesse a morte em minha casa. (Lamentações 1:20)

De Daniel

45. Contra a alma que não está satisfeito com a porção de pão para comer e de água para beber, mas quer vegetais junto com estes, e não se lembra da aflição de Daniel e seus companheiros que comeram as sementes:

Daniel disse a Amelsad, a quem o chefe dos eunucos havia confiado a ele junto com Ananias, Misael e Azarias: ‘Faça uma experiência conosco durante dez dias: vocês nos darão apenas sementes comestíveis e água para beber.  Depois, você compara a nossa aparência com a dos outros moços que comem da mesa do rei. Então faça conosco o que achar melhor’. O funcionário aceitou a proposta e fez a experiência por dez dias.  No final dos dez dias, estavam com boa aparência e corpo mais saudável que todos os moços que comiam da mesa do rei.  Então o Amelsad tirou definitivamente a comida e o vinho da mesa dos moços e passou a dar-lhes sementes. (Daniel 1:11-16)


Do Evangelho de Mateus

46. Contra a alma que, no momento do ataque, procura uma forte armadura:

Então o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, sentiu fome. (Mateus 4:1-2)

47. Contra os pensamentos que se preocupam com alimentos e roupas sob pretexto de hospitalidade, doenças ou miséria prolongada do corpo:

Não fiquem preocupados com suas vidas, com o que vão comer ou beber, nem com seus corpos, com o que vão vestir. Afinal, não vale a vida mais do que a comida? E o corpo mais do que a roupa? (Mateus 6:25)

48.  Contra os pensamentos que são guiados pela gula e supõem que restaurando o corpo com iguarias ele seguirá pela estrada da vida:

Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida, e quão poucos são os que a encontram! (Mateus 7:14)

Do Evangelho de Lucas

49. Contra os pensamentos que nos impedem de dar aos necessitados da nossa comida e roupas sob pretexto de que ‘as provisões não são suficientes para nós e para eles" ou ‘existe alguém mais fraco ou mais necessitado do que este, e nós devemos antes dar para a outra pessoa do que para ele, este preguiçoso que quer comer e ser vestido sem se dar ao trabalho "

Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. E quem tiver comida, faça a mesma coisa. (Lucas 3:11)

Dos Atos dos Apóstolos

50. Contra a alma que ama os desejos e coleta alimentos e roupas para si só:

Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. (Atos 2:44-45)

51. Contra a alma que se cansa da aflição que sente devido à restrição de pão e água:

É preciso passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus. (Atos 14:22)

Da Carta aos Romanos

52. Contra os pensamentos que nos convencem a mostrar um pouco de cuidado para com o nosso corpo, comendo e bebendo:

Vistam-se do Senhor Jesus Cristo e não satisfaçam a concupiscência da carne. (Romanos 13:14)

53. Contra os pensamentos que nos seduzem a sermos consolado com um pequeno regalo de legumes:

Os fracos comem verduras. (Romanos 14:2)

Da Primeira Carta aos Coríntios

 54. Contra o pensamento que, na época da colheita, lança sobre nós o desejo por frutas:

Os atletas exercem o autocontrole sobre tudo; eles, para ganhar uma coroa perecível; e nós, para ganharmos uma coroa imperecível. (I Coríntios 9:25)

Da Segunda Carta aos Coríntios

55. Contra os pensamentos que surgem em nós por causa da grande necessidade e que gradualmente relaxam o vigor da alma:

Somos atribulados de todos os lados, mas não desanimamos; aturdidos, mas não desesperamos; perseguidos, mas não desamparados; prostrados por terra, mas não aniquilados. Sem cessar e por toda parte levamos em nosso corpo a morte de Jesus, a fim de que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo. (II Coríntios 4:8-10)

56. Contra os pensamentos que nos mostram uma doença do estômago, fígado e baço, e um golpe que excede a capacidade do ventre:

É por isso que não perdemos a coragem. Pois, embora o nosso físico vá se desfazendo, o nosso homem interior se renova a cada dia (II Coríntios 4:16)

57. Contra os pensamentos que surgem em nós como se nosso corpo se tornasse gradualmente corrompido:

Nós sabemos: quando a nossa tenda terrestre for desfeita, receberemos de Deus uma habitação no céu, uma casa eterna não construída por mãos humanas. (II Coríntios 5:1)

58. Contra os pensamentos que despertam a compaixão em nós, nos persuadem a dar aos pobres, e depois nos fazem tristes e irritados com o que demos:

[Cada um dê conforme decidir em seu coração] sem relutância ou constrangimento, porque Deus ama a quem dá generosamente, e quem sente compaixão pelos pobres será confortado. (II Coríntios 9:7; cf. Provérbios 22:8-9).

59. Contra os pensamentos que retratam em nós fraqueza severa por doenças que estão prestes a surgir a partir de jejum, e que nos convencem a comer um pouco de comida cozida:

Pois quando sou fraco, então é que sou forte. (II Coríntios 12:10).

Da Carta a Efésios

60. Contra o pensamento que quer se ver cheio de vinho em um dia de festa:

Não se embriaguem com vinho, que leva para a libertinagem, mas busquem a plenitude do Espírito, recitando juntos os salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor de todo o coração. (Efésios 5:18-19)

Da Carta aos Filipenses

61. Contra os pensamentos que fazem com que nossa alma não queira nem reunir provisões através de trabalho manual, nem ser persuadida a receber algo de sua família, porque eles são pobres e residem a uma grande distância, mas prefere suprir suas necessidades a partir de outras pessoas:

O Senhor está próximo. Não se inquietem com nada. Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças (Filipenses 4:5-6).

62. Contra os pensamentos que predizem fome e perda de pão e sugerem a desgraça por receber um favor de outros:

Aprendi a viver na necessidade e aprendi a viver na abundância; a viver saciado e a passar fome. Tudo posso naquele que me fortalece. (Filipenses 4:12-13)

Da Primeira Carta aos Tessalonicenses

63. Contra os pensamentos que nos impedem de trabalhar com as mãos e convencem-nos a receber o que nós precisamos de outras pessoas:

Mas, aconselhamos, irmãos, a que façam sempre mais, e que aspirem a viver tranquilamente, ocupados com seus afazeres, trabalhando com suas mãos, conforme nós os orientamos, para que se comportem bem uns com os outros e não dependam de ninguém.  (I Tessalonicenses 4:10-12)

Da Segunda Carta aos Tessalonicenses

64. Contra os pensamentos que nos impedem de trabalhar com as mãos e convence-nos a esperar para receber o que precisamos dos outros:

Quem não quer trabalhar, também não coma. (II Tessalonicenses 3:10)

Da Carta aos Hebreus

65. Contra o pensamento que diz que a disciplina monástica é difícil e extremamente pesada, que devasta nosso corpo cruelmente através da aflição, e que não traz proveito a alma:

Na hora, qualquer correção parece não ser motivo de alegria, mas de tristeza; porém, mais tarde, ela produz um fruto de paz e de justiça naqueles que foram corrigidos. (Hebreus 12:11)

66. Contra o pensamento que é diligente sobre comida e negligencia compaixão para com os necessitados:

Não se esqueçam de ser generosos, e saibam repartir com os outros, porque estes são os sacrifícios que agradam a Deus. (Hebreus 13:16)

Da Primeira Carta a Timóteo

67. Contra a ideia de que, na ausência de dor no estômago e doenças graves, aconselha-nos a beber vinho, sugerindo a nós a orientação do bem-aventurado Apóstolo quando, em sua carta, ele determinou a Timóteo a este respeito:

Conserve-se puro. Não continue a beber somente água; tome um pouco de vinho, por causa do estômago e das frequentes fraquezas que você tem. (I Timóteo 5:22-23)

Da Carta de Tiago

68. Contra o pensamento que nos traz de volta para este mundo e seus mandamentos:

Vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus. (Tiago 4:4)

Da Primeira Carta de João

69. Contra o pensamento que supõe que o mandamento de jejuar será opressivo:

E os seus mandamentos não são opressivos, porque todo aquele que nasceu de Deus venceu o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé. (I João 5:3-4).


Bem-aventurado é o nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, que nos deu a vitória sobre os pensamentos do demônio da gula!




LIVRO SEGUNDO

Contra o Pensamento da Luxúria

Do Êxodo

1. Contra os pensamentos de luxúria que retratam em meu intelecto uma mulher casada:

Não deseje a mulher do seu vizinho. (Êxodo 20:17)

2. Contra o pensamento de tristeza que nos sobrevém devido às muitas tentações de fornicação que nos acontecem e nos tiram a esperança, dizendo-nos: “Qual coisa bela você deseja, depois de todo este trabalho?”:

Se de fato você ouvir minha voz e fizer todas as coisas que lhe digo, eu serei um inimigo para os seus inimigos e um adversário para os seus adversários. Pois meu anjo irá liderá-los e os conduzirá aos Amoritas, aos Hititas, aos Ferezeus e Cananitas, aos Gergessitas e Hivitas, aos Jebuseus, e destruirá todos eles. (Êxodo 23: 22-23)

3. Contra o pensamento que pressupõe que em uma mera hora os pensamentos diabólicos de luxúria o abandonarão:

Eu não vou expulsá-los num primeiro ano, para que a terra não se torne desolada e para que as feras daqui não se multipliquem contra você. Eu os expulsarei gradualmente de sua presença, até que você tenha crescido e possa herdar a terra. (Êxodo 23: 29-30)

4. Contra o pensamento que provém da luxúria e diz: “A mocidade nunca cessa nos desejos de luxúria, então ofereça a Deus pensamentos purificados a respeito”:

Todos os que estiverem registrados a partir de vinte anos ou mais deverão oferecer sacrifício ao Senhor. (Êxodo 30: 14)

5. Contra o pensamento de luxúria que diz: “A juventude não pode ser culpada nem censurada se fornicar ou se receber alegremente pensamentos impuros”:

E o Senhor disse a Moisés: “Se alguém pecar contra mim, eu o riscarei de meu livro”. (Êxodo 32: 33)

Do Deuteronômio

6. Contra o intelecto que não faz um esforço vigilante para se preservar da luxúria que se estabeleceu em seu interior, mas conversa e comete perversidades com uma mulher que se desenha ante seus olhos:

E ouça, Israel, e observe de modo a fazer o que for bom para você de modo a que você possa se multiplicar grandemente, conforme disse o Senhor Deus de seus pais, que lhe dará uma terra onde correm o leite e o mel. (Deuteronômio 6: 3)

7. Contra o pensamento que procura se aproximar do demônio da luxúria por meio de pensamentos indecentes:

Você temerá o Senhor seu Deus, e apenas a ele servirá, lealmente ligado a ele, e somente jurará por seu nome. (Deuteronômio 6: 13)

8. Contra a alma que dia e noite é devastada por pensamentos de fornicação e perde a esperança de um dia triunfar sobre eles:

Mas se você pensar em seu coração: ‘Esta nação é maior do que eu; como farei para destruí-la por completo?’. Não tema. Apenas lembre o que o Senhor seu Deus fez com o Faraó e todos os Egípcios. (Deuteronômio 7: 17-18)

9. Contra o pensamento da alma que é oprimida por pensamentos de luxúria e que divide os maus pensamentos de fornicação em diversas imagens, colecionando pensamentos impuros, fazendo-os girar na mente, e então aderindo a um destes pensamentos escravizadores e permitindo que ele persista sobre a alma enfraquecida:

E hoje você saberá que o Senhor seu Deus avançará à sua frente. Pois ele é um fogo devorador. Ele os destruirá e os submeterá a você, e os aniquilará rapidamente, conforme o Senhor lhe disse. (Deuteronômio 9: 3)

10. Contra os pensamentos que se voltam rapidamente para a comida assim que o espírito de luxúria, brincando com eles, dá uma pequena folga e deixa supor que eles atingiram a fronteira da castidade:

Vocês não devem agir como fizeram hoje, quando cada qual fez o que lhe agrada. Pois até hoje vocês não entraram no repouso e na herança que o Senhor seu Deus reservou para vocês. (Deuteronômio 12: 8-9)

11. Contra a alma que está amedrontada e estremecida pelo demônio que toca seus membros; os que são tentados por este demônio devem lembrar o que foi dito:

Aquele que o ampara segurará o escudo sobre você e você ostentará sua espada; seus inimigos mentirão para você, e você pisará seus pescoços. (Deuteronômio 33: 29)

De Juízes

12. Contra a alma que, devido à tristeza, cai na indiferença e logo se torna incapaz de evitar os pensamentos impuros que corrompem a oração:

Levante-se, este é o dia em que o Senhor entregará Sísara em suas mãos: pois o Senhor marcha à sua frente. (Juízes 4: 14)

13. Contra o intelecto que luta com pensamentos de fornicação, mas hesita em expulsá-los por completo e não reconhece as cadeias do pecado e a ansiedade causada pelos males:

E Dalila disse: ‘Os Filisteus estão sobre você, Sansão!’. E ele acordou do sono e pensou: ‘Vou me livrar como sempre, e expulsá-los daqui’. Mas ele não sabia que o Senhor o tinha abandonado. E os Filisteus o agarraram, furaram seus olhos, levaram-no para Gaza e o amarraram com correntes de bronze; e ele ficou preso à pedra do moinho da prisão. (Juízes 16: 20-21)

De Samuel

14. Para o anjo do Senhor que apareceu subitamente em meu intelecto congelou o pensamento de luxúria e expulsou de meu intelecto todos os pensamentos que o assediavam:

Meu coração está estabelecido no Senhor; minha trompa exalta meu Deus; minha boca avulta sobre meus inimigos; eu me regozijo em sua salvação. (1 Reis 2: 1)

15. Contra o demônio impuro da fornicação que aparece à noite numa visão obscena na forma de uma mulher, mas que não consegue empurrar minha alma para desejos censuráveis:

O arco dos poderosos se tornou fraco, e os que eram fracos cercaram-se de força. Os que se fartavam de pão foram rebaixados, e os famintos abandonaram a terra. (1 Reis 2: 4-5)

16. Contra a alma que não deseja escapar dos desejos impuros, mas persiste nos pensamentos de Nahash o Amonita, cujo nome se traduz como “serpente”:

Passado um mês, Nahash o Amonita veio e acampou junto a Jabes de Gallad; então os homens de Jaber fizeram uma proposta a Nahash, dizendo: ‘Faça uma aliança conosco, e seremos seus servos’. Então Nahash o Amonita lhes respondeu: ‘Eu farei uma aliança com vocês nestes termos: eu irei furar o olho direito de cada um de vocês, e cobrirei Israel de vergonha. (1 Reis 11: 1-2)

Do Livro dos Reis

17. Contra o demônio da luxúria que tenta despojar e corromper minha castidade por meio de pensamentos:

Meu Deus me proibiu de lhe dar a herança de meus pais. (3 Reis 20: 3)

Do Livro de Crônicas

18. Contra a alma que imagina ser tentada pelo demônio da fornicação além de suas forças:

Por esta época a terra começou a ser taxada para dar dinheiro ao Faraó; e todos como ele emprestaram prata e ouro das pessoas da terra, para dar ao Faraó Necas. (2 Crônicas 36: 4a)

De Esdras

19. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de fornicação que nos mostram visões abomináveis à noite:

Então eu disse: “Senhor, estou por demais envergonhado e confundido para erguer meus olhos até você, porque minhas transgressões cobriram minha cabeça, e minhas culpas chegaram até os céus. Desde os dias dos nossos pais até hoje fizemos em transgressões”. (Esdras 9: 6-7)

20. Contra a alma que depois de valorosos combates contra os pensamentos de luxúria adquiriu a pureza e a castidade:

A terra na qual você entrou para herdá-la está perturbada pela remoção dos povos de muitas nações por suas abominações, que eles encheram de uma ponta a outra com suas impurezas. (Esdras 9: 11)

Do Profeta Davi

21. Ao Senhor, em relação aos múltiplos pensamentos impuros que nos perturbam e afligem, atraindo nosso intelecto para diferentes rostos:

Senhor, por que se multiplicaram aqueles que me afligem? Muitos se levantam contra mim. Muitos dizem para minha alma que não existe libertação para mim em Deus. Mas você, Senhor, é meu auxílio, minha glória, e aquele que levanta minha cabeça. (Salmo 3: 1-3)

22. Contra a alma que ignora que a intensidade da irascibilidade se opõe aos pensamentos de fornicação, porque a irascibilidade provém do fogo por natureza, e os pensamentos impuros nascem da água:

Fiquem irados e não pequem. Mantenham a compunção quando estiverem na cama, por aquilo que foi dito aos seus corações. (Salmo 4: 4; cf. Efésios 4: 26)

23. Contra os pensamentos impuros que persistem em nós e que, frequentemente, nos apresentam imagens obscenas e conectam nosso intelecto com as paixões do desejo em nossas partes pudendas:

Afastem-se de mim, operários da iniquidade, pois o Senhor escutou a voz dos meus gemidos; o Senhor ouviu minha petição; o Senhor aceitou minha oração. (Salmo 6: 8-9)

24. Ao Senhor, em relação ao demônio da fornicação que, não podendo nos humilhar por meio dos desejos de nosso corpo, mostra ao nosso intelecto um monge cometendo o pecado da luxúria:

As espadas do inimigo falharam miseravelmente, e suas cidades foram destruídas. Sua memória foi aniquilada com grande ruído, e o Senhor permanece para sempre. (Salmo 9: 6-7)

25. Ao Senhor, em relação ao demônio impuro da fornicação que se aproxima abertamente das coxas daqueles que se esforçam por se afastar, agarrando subitamente o intelecto com loucuras que alteram a alma por meio de uma multidão de poderosos pensamentos de luxúria – é muito útil, quando somos tentados por este demônio, primeiramente saltarmos e em seguida percorrermos seguida e energicamente a cela – aquele que souber entender, que entenda:

Ilumine meus olhos para que eu não adormeça na morte, para que em nenhum momento o inimigo diga: ‘eu prevaleci sobre ele’. (Salmo 13: 3-4)

26. Contra a alma que imagina que os pensamentos de luxúria são mais poderosos do que os mandamentos de Deus que nos foram dados para extirpar esta paixão:

Eu vou vencê-los como a poeira diante do vento e moê-los como o barro das ruas. (Salmo 18: 43)

27. Ao Senhor, em relação ao demônio que subitamente assalta o corpo mas não consegue conquistar o intelecto atacando-o com pensamentos impuros:

Você transformou meu luto em alegria; rasgou minhas vestes de saco e me envolveu em contentamento, e em minha glória eu entoarei louvores a você e não serei trespassado pela tristeza. (Salmo 31: 11-12)

28. Contra o pensamento que me diz: ‘O demônio da fornicação irá lançá-lo à execração se você se levantar contra ele em batalha’:

Deixe que aqueles que tentam minha alma sejam envergonhados e confundidos; deixe que os que inventam maldades contra mim sejam derrubados e expostos à execração. (Salmo 35: 4)

29. Contra o pensamento que me ameaça: ‘Outro demônio de luxúria – mais pesado, mas ousado, mais forte do que o primeiro – está sendo enviado contra você, um que irá facilmente subjugar sua alma e levá-la a cometer pecados em atos’:

Deixe que sejam como a poeira ao vento, e que um anjo do Senhor os aflija. Faça com que seu caminho seja escuro e escorregadio, e que um anjo do Senhor os persiga. (Salmo 35: 5-6)

30. Contra a alma que, ao ser oprimida por pensamentos de fornicação, rejeita as vestes de sacos e não se lembra de Davi fez isto para nossa instrução, ao dizer:

Para mim, quando eles me perturbam, me visto com panos de saco e humilho minha alma com jejum. (Salmo 35: 13)

31. Contra a alma que está entristecida devido a pensamentos impuros de luxúria que nela persistem, e que assim desespera da vitória sobre eles porque uma destas imagens desonrosas se fixa no intelecto e permanece devastando-o:

Apenas um pouco mais e o pecador deixará de existir, e você o procurará, mas não irá encontrá-lo mais. (Salmo 37: 10)

32. Contra o demônio da fornicação que imita a forma de uma bela mulher desnuda, com um andar luxurioso e um corpo obscenamente dissoluto, uma mulher que captura o intelecto de muitas pessoas e as faz esquecer as belas coisas:

Possa então Deus destruí-la para sempre, possa ele desenraizá-la por completo de seu lugar, e arrancar suas raízes da terra dos vivos. (Salmo 52: 5)

33. Contra o pensamento que profetiza a mim que eu irei tombar da castidade e me expor à vergonha diante dos seres humanos:

Deixe que todos os que odeiam Sião sejam envergonhados e derrubados. Faça com que sejam como a erva que cresce nos telhados, que murcha antes de ser arrancada. (Salmo 129: 5-6)

Dos Provérbios de Salomão

34. Contra o demônio da fornicação que no sonho à noite me conduz a comportamentos vergonhosos e durante o dia zomba e se ri em meus pensamentos:

Então eu também rirei de sua destruição, e me regozijarei quando arruína o atingir e sobrevier o horror sobre você e a derrota chegar como uma tempestade. (Provérbios 1: 26-27)

35. Contra os pensamentos que nos compelem a nos demorar numa conversação com uma mulher casada sob pretexto de que ela nos tem visita com frequência ou de que ela busca benefícios espirituais em nós:

Não se faça íntimo de uma mulher estranha, nem se aninhe nos braços de uma mulher que não é sua. (Provérbios 5: 20)

36. Contra o intelecto no qual se desenha a forma de uma bela mulher e que deseja conversar com ela seriamente ou para cometer algum mal que seria impróprio, como o santo João, profeta de Tebas, nos relata:

Não deseje que a beleza o conquiste, nem ser capturado por seus olhos, nem se tornar cativo de suas pálpebras; pois o preço de uma prostituta é o mesmo de um pão. (Provérbios 6: 25-26)

37. Contra o pensamento que tenta me convencer de que eu não serei ferido pelo olhar de uma prostituta:

Pode alguém colocar fogo em seu peitoral e não queimar suas roupas? Ou caminhar sobre brasas e não queimar seus pés? O mesmo acontece com quem procura uma mulher casada: ele não será considerado inocente. (Provérbios 6: 27-29)

38. Contra a alma que desconhece a razão das tentações e não entende que o demônio da fornicação, quando vencido e expulso de nós, nos deixa em perfeita castidade:

Assim como o ouro e a prata são testado na fornalha, assim também os corações escolhidos por Deus. (Provérbios 17: 3)

39. Contra o pensamento impuro que nos seduz e nos faz retornar ao pecado do qual tantas vezes nos arrependêramos diante do Senhor:

Assim como o cachorro que retorna ao seu vômito é considerado abominável, também o será o tolo que por perversidade retorna ao seu pecado. (Provérbios 28: 11)

Do Eclesiastes

40. Contra o pensamento que nos lembra da casa onde produzimos muitos frutos para Satanás:

O coração do sábio reside na casa das lamentações, mas o coração do tolo mora na mansão do gozo. (Eclesiastes 7: 5)

41. Contra a alma que, ao encontrar tentações de pensamentos impuros se recusa a expulsá-los por meio da fome, da sede, da vigília e da prece:

Se o espírito do dominador se levantar contra você, não se mova de seu lugar, pois o consolador dará fim às maiores ofensas. (Eclesiastes 10: 4)

Do Cântico dos Cânticos

42. Aos santos anjos, em relação aos pensamentos impuros que persistem na alma:

Não olhe para mim, pois estou entenebrecido, e o sol é desfavorável a mim. (Cânticos 1: 6)

De Jó

43. Contra a alma que imagina ser antinatural manter o intelecto afiado e não fornicar em pensamento:

Então disse Jó: ‘Por que pode ser que meus filhos tenham pecado e entretido maus pensamentos contra o Senhor em suas mentes’. (Jó 1: 5)

44. Contra a alma que fpoi testada pelo demônio da fornicação com grande e indizível tentação e maravilhou-se diante desta estupenda tentação, a ponto de que este demônio nem teve medo, nem se envergonhou:

Não vive o homem sobre a terra num estado de provação? Não é sua existência como uma diária de trabalho desprezível? (Jó 7: 1)

45. Contra o pensamento que profetiza a mim que o demônio da luxúria está chegando, que ele tocará meus membros e os incendiará:

No dia em que a escuridão vier sobre eles, deixe-os apalpá-la ao meio dia, tanto quanto à noite (Jó 5: 14)

46. Contra o demônio da luxúria que compeliu Israel a preferir palhas e juncos ao invés de grãos de trigo:

Longe de mim pecar diante do Senhor, e perverter sua justiça diante do Todo Poderoso. Ele retribui ao homem de acordo com o que cada um produz. (Jó 34: 10-11)

47. Para a alma que não sabe de onde estes pensamentos incendiários são enviados contra nós:

De sua boca [do Leviatã] irrompem tochas acesas. (Jó 41: 11)

De Isaías

48. Contra o pensamento de luxúria que me diz: ‘Eu não serei diminuído nem destruído pela fome, a sede ou o jejum extremo’:

Pois ele destruirá sua semente pela fome, e aniquilará o restante. (Isaías 14: 30)

49. Contra o demônio que diz ao meu intelecto que eu deveria me casar e me tornar pai de muitos filhos, ao invés de resistir à tentação por meio da fome e da sede:

Pois o tolo dirá palavras tolas e seu coração meditará coisas vãs, praticará a impiedade e afirmará coisas erradas perante Deus, para separar as almas famintas e causar mais sede aos sedentos. (Isaías 32: 6)

De Jeremias

50. Ao Senhor, em relação aos demônios de luxúria que tomam para si pretextos das Escrituras e dos tópicos nela contidos:

Ó Senhor, que demonstrou justas ações, perscrutando os rins e os corações, deixe-me assistir sua vingança sobre eles; pois a você eu revelei a minha causa. (Jeremias 20: 12)

Das Lamentações de Jeremias

51. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de luxúria que persistem em mim:

Contemple, Senhor, minha aflição, porque o inimigo cresceu em demasia. (Lamentações 1: 9)

52. Ao Senhor, em relação ao demônio que à noite agitou e deformou pensamentos contra minha alma e distorceu a expressão de meu rosto:

Contemple, Senhor, e veja: porque ela se tornou desonrada. (Lamentações 1: 11)

53. Contra a alma que caiu em obscuras visões da noite:

Levante-se, regozije-se no início de sua vigília; derrame seu coração como água diante do Senhor. (Lamentações 2: 19)

54. Ao Senhor, em relação ao demônio de luxúria que, por meio da paixão do desejo, imprime em meu intelecto a visão de uma forma obscena:

Eu clamo por seu nome, Senhor, do mais profundo calabouço. Ouça minha voz e não feche seus olhos à minha súplica. Você esteve perto para me ajudar: durante o dia, quando eu o chamei, você me disse: ‘Não tema’. (Lamentações 3: 55-57)

De Daniel

55. Contra o demônio da fornicação que, deixando de lado os pensamentos, começa a explorar e tocar os membros do corpo – os que foram tentados por este demônio sabem do que estou falando –, aqueles que lutam contra ele devem, desde o momento do ataque, passar a maior parte da noite caminhando pela cela orando, e cochilar um pouco, sentados, vestindo roupas de sacos e evitando se fartar de pão e água; os que lutam nesta guerra devem compreender que quando o poder de Deus derrotar este demônio, eles adquirirão a castidade e já não poderão ser corrompidos:

Eles o conduzirão para longe dos homens, e sua morada será com os animais selvagens nos campos, e você será alimentado com capim como um boi; e sete vezes passarão sobre você, até que você saiba que o Altíssimo é o Senhor dos reinos dos homens, e que ele os concede a que mais lhe agradar. (Daniel 4: 29)

Do Evangelho de Mateus

56. Contra o intelecto que, devido a imagens de homens e mulheres que se estabelecem no pensamento, começa a ansiar pelo pecado:

Pois eu lhes digo que todo aquele que olha para uma mulher com intenção de cobiçá-la, já cometeu adultério com ela em seu coração. (Mateus 5: 28)

57. Contra a alma que é tentada por pensamentos alucinados de fornicação e recusa vigiar e orar:

Vigiem e orem, para que não caiam em tentação. (Mateus 26: 41)

De Paulo: Carta aos Coríntios

58. Contra os pensamentos que às vezes nos conduzem aos mercados e outras nos compelem a circular ao redor dos mercados:

Não se deixem enganar: nem os fornicadores, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os afeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os cobiçosos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os agiotas herdarão o reino de Deus. (I Coríntios 6: 9-10)

59. Contra os pensamentos que estabelecem a fornicação em nosso coração, que o Senhor enxerga como tendo sido cometida:

Não pratiquemos a fornicação, como alguns o fizeram, e pereceram vinte e três mil em um só dia. (I Coríntios 10: 8)

De Paulo: Carta aos Efésios

60. Contra os pensamentos impuros que às vezes nos conduzem a visões noturnas e outras vezes começam a apresentar imagens ao intelecto mesmo durante o dia:

Estejam certos de que nenhum fornicador, impuro, ou avaro terá parte na herança do Reino de Cristo e de Deus. (Efésios 5: 5)

Da Carta de Tiago

61. Contra o pensamento que imagina que as tentações caem sobre os homens, provindas de Deus:

Ninguém, ao ser tentado, diga que foi tentado por Deus, porque Deus não pode ser tentado pelo mal e não tenta a ninguém. Mas cada qual é tentado pela própria concupiscência. (Tiago 1: 13-14)

62. Contra a alma que ignora ser devido aos desejos de todos os tipos que as tentações do demônio caem sobre ela:

De onde surgem as guerras e de onde as lutas entre vocês? Não é dali, dos seus prazeres, que batalham nos membros de vocês? (Tiago 4: 1)

Da Carta de Pedro

63. Contra o pensamento da alma que não suporta o toque do demônio que a assalta entre as coxas, vindo de baixo, e a incendeia:

Amados, não se surpreendam da feroz prova que lhes ocorre, esta coisa estranha que lhes acontece. Ao contrário, assim como vocês participam dos padecimentos de Cristo, regozijem-se, para que também se alegrem muitíssimo com a revelação de sua glória. (I Pedro 4: 12-13)

64. Contra o pensamento da alma que sucumbe em angústia e tristeza e imagina ser a única que é tentada tão severamente:

Sejam sóbrios, vigiem. Seu adversário, o diabo, ronda como um leão que ruge em busca de quem devorar. Resistam, firmes na fé, sabendo que pelo mundo afora seus irmãos passam pelos mesmos padecimentos. (I Pedro 5: 8-9)

65. Contra o pensamento que me desafiou, dizendo: ‘Você sofrerá maldades indizíveis dos demônios’, maldades que eu prefiro não escrever, a fim de não perturbar o zelo daqueles que combatem, infundir terror nos que acabam de se retirar do mundo e escandalizar os inexperientes que ainda permanecem no mundo; pois em verdade eu vi demônios cometer atos impossíveis de descrever, e que não seria legítimo expor para a maioria das pessoas; e eu fui tomado de grande espanto com a paciência dos santos anjos, que não os queimaram nem os consumiram com as chamas de um fogo insaciável:

O Senhor sabe como resgatar os piedosos da tentação, e reservar uma punição aos injustos para o Dia do Juízo. (II Pedro 2: 9)


Bendito seja o Senhor Jesus Cristo, que nos concedeu a vitória sobre os pensamentos do demônio da luxúria!




LIVRO TERCEIRO

Contra o Pensamento da Avareza

Do Gênesis

1. Contra o demônio que aconselha ao meu pensamento: ‘Vou induzir em sonhos um dos seus parentes ou alguma pessoa rica para que envie dinheiro a você’:

Eu erguerei minhas mãos ao Senhor Deus Altíssimo, que fez o céu e a terra, e não tomarei de todos estes bens sequer o cordão de uma sandália. (Gênesis 14: 22-23)

2. Contra o pensamento que me mostra uma pobreza amarga e os males que daí advirão, e me sugere que no tempo da necessidade não encontrarei quem me ajude:

Se o Senhor Deus estiver comigo e me guardar durante a jornada que estou iniciando, e se me der pão para comer e roupas para vestir, e se me trouxer de volta em segurança à casa de meu pai, então o Senhor será para mim um Deus,. E esta pedra, que eu ergui como um pilar, será para mim a casa de Deus. (Gênesis 28: 20-22)

Do Êxodo

3. Contra o pensamento de amor ao dinheiro que nos faz injuriar nossos pais por não nos terem deixado nenhuma de suas propriedades:

Quem quer que golpeie seu pai ou sua mãe será condenado à morte. (Êxodo21: 15)

4. Contra o pensamento que, por causa do amor ao dinheiro, nos leva a afligir com o peso de muitos trabalhos um irmão que recentemente se tornou discípulo:

Você não deve afligir um estrangeiro, porque você conhece o coração do estrangeiro; porque vocês próprios eram estrangeiros no Egito. (Êxodo 23: 9)

Do Levítico

5. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que recusa compaixão ao irmão que pediu por estar em necessidade e que nos aconselha a estocar apenas para nós mesmos:

Ame a seu irmão como a si mesmo; Eu sou o Senhor. (Levítico 19: 18)

6. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que nos faz impedir um irmão de ler as Escrituras ou aprender os ensinamentos e nos incita a empurrá-lo ao trabalho e à labuta para obtermos com isto algum ganho:

Nenhum homem oprima seu vizinho; todos devem temer ao Senhor seu Deus; Eu sou o Senhor seu Deus. (Levítico 25: 17)

7. Contra o pensamento de amor ao dinheiro que desdenha de alguém que padeceu longo tempo alguma enfermidade, mas que se aflige grandemente com a [própria] pobreza:

E se o seu irmão que está com você empobrecer e não tiver mais recursos, você deverá cuidar dele como de um estrangeiro ou um hóspede; e ele deverá morar com você. (Levítico 25: 35)

8. Contra o pensamento que demanda mais trabalho manual de um irmão do que ele é capaz de produzir:

Não oprima seu irmão com trabalho. (Levítico 25: 46)

Do Deuteronômio

9. Contra o pensamento que nos impede de dar a um irmão necessitado que nos pediu alguma coisa:

De modo algum você fechará sua mão ao irmão necessitado, mas as abrirá para ele, tanto quanto ele precisar para sua necessidade (Deuteronômio 15: 7-8)

10. Contra o pensamento que procura manter os recursos para si próprio e não quer aliviar a situação de  um irmão com eles:

Malditos sejam seus galpões e seus armazéns; malditos sejam os frutos de suas mãos e de sua terra. (Deuteronômio 28: 17-18)

De Juízes

11. Contra o pensamento que prefere o aumento da riqueza ao da pobreza:

Não é a colheita de Efraim melhor do que a vindima de Abiezer? (Juízes 8: 2)

Do Livro dos Reis

12. Contra o pensamento da alma que se apieda do pobre e logo após muda de ideia e se arrepende do dinheiro dado a ele:

Que nossos corações sejam perfeitos diante do Senhor nosso Deus, para acolhermos santamente suas determinações e para que guardemos seus mandamentos, até este dia. (III Reis 8: 61)

13. Contra a alma que imagina alcançar a morte de Jesus ao mesmo tempo em que guarda riquezas e esquece como o profeta Elias se despojou de tudo o que possuía, quando se decidiu a renunciar ao mundo:

Então ele partiu e encontrou Eliseu, filho de Safat, que estava lavrando com bois; havia doze juntas de bois, e ele estava com a décima segunda. Ao passar por ele, Elias atirou seu manto sobre Eliseu. Então Eliseu deixou o gado, correu até Elias e disse: ‘Deixe-me beijar meu pai, e depois eu o seguirei’. Então Elias disse: ‘Retorne, porque eu preparei um trabalho para você’. Ele retornou, tomou uma parelha de bois, matou-os e queimou-os junto com os arados, e distribuiu ao povo, que os comeram. Então Eliseu se levantou e, seguindo a Elias, passou a ministrar com ele. (III Reis 19: 19-21)

14. Contra a alma que é mesquinha com o dinheiro e todas as coisas correlatas e que não deseja gastar com os irmãos que chegam:

Eliseu disse ao seu servo: coloque no fogo a panela grande, e cozinhe uma sopa para os filhos dos profetas. (IV Reis 4: 38)

15. Contra a alma que aceitou o ouro que era enviado para os negócios dos irmãos e ansiou por gastá-lo de acordo com a escolha de seus próprios desejos, esquecendo-se da lepra de Giezi – os que leem lembrem-se de como Eliseu o profeta revelou que o amor ao dinheiro é a primeira das paixões malditas, depois da qual as demais se enfileiram, e da qual nasce um extenso espaço de pensamentos que obscurecem o intelecto com matérias nocivas e o tornam como que leproso também:

Eliseu disse a ele: ‘De onde vem você, Giezi?’. E Giezi respondeu: ‘Seu servo não estava nem lá nem cá’. Então Eliseu lhe disse: ‘Você pensa que meu espírito não estava com você, quando o homem retornou em seu carro para encontrá-lo?’. E agora você recebeu prata, e recebeu vestimentas, e olivais e vinhedos e ovelhas, gado, servos e servas. Mas uma lepra como a de Naamã irá infectá-lo, e às suas colheitas para sempre. E o servo deixou a presença de Eliseu branco como a neve, por causa da lepra. (IV Reis 5: 25-27)

De Davi o profeta

16. Ao Senhor, em relação ao amor pelo dinheiro que constantemente me lembra: ‘Veja, você desperdiçou a herança de seus pais’:

O Senhor é minha parte na herança e minha taça. (Salmo 15: 15)

17. Contra os pensamentos que zombam de nós porque nossos pais esqueceram-se de nós e não nos mandam dinheiro para nossas necessidades:

Meu pai e minha mãe esqueceram-se de mim, mas o Senhor me recebeu. (Salmo 26: 10)

18. Contra o pensamento que nos sugere, ‘veja, seus irmãos no mundo são ricos e honrados por causa de sua riqueza’:

Minha alma exultará no Senhor; que os mansos escutem e se regozijem. (Salmo 33: 3)

19. Contra a alma que não entende que seremos condenados junto com Satanás a menos que administremos corretamente as posses que nos foram dadas por Deus:

O pecador procura pelo justo para matá-lo. Mas o Senhor não o deixará cair em suas mãos, nem o condenará quando for julgado. (Salmo 36: 32-33)

20. Contra a alma que se apega ao mundo, adora as coisas temporais e deseja a casa e as propriedades de seus pais:

Ouça, filha, veja e incline seu ouvido: esqueça seu povo e a casa de seu pai; porque o Rei desejou a sua beleza. (Salmo 45: 10-11)

21. Contra o pensamento que medita sobre as riquezas e não dá atenção à dor desgastante da riqueza:

Se a riqueza brotar, não deixe que seu coração a acompanhe. (Salmo 62: 10)

22.  Contra o pensamento que nos mostra a esplêndida casa de nossos pais e nos faz odiar a pequena cela em que vivemos:

Eu prefiro ser paupérrimo na casa de Deus do que morar com pecadores. (Salmo 84: 11)

23. Contra o pensamento que busca o dinheiro sob pretexto de adquirir posses e perde a esperança na graça de Deus:

O Senhor não recusará as boas coisas àqueles que caminham na inocência. (Salmo 84: 12)

24. Ao Senhor, em relação ao pensamento de amor pelo dinheiro que persiste em nós e sugere ao nosso intelecto tanto a lembrança do dinheiro ao qual renunciamos, como o esforço que fazemos para adquirir coisas que presentemente não estão ao nosso alcance, como a preservação e manutenção das coisas que hoje possuímos:

Inclina o meu coração para os seus testemunhos, não para a avareza. (Salmo 119: 36)

25. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que retrata hospitalidade em mim, mas compele minha alma a tirar proveito das pessoas e me incita a estabelecer juízos baseado em bens temporais:

O orgulho estendeu uma rede diante de mim, e colocou laços para os meus pés; ele deixou uma pedra de tropeço em meu caminho. (Salmo 140: 5)

26. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que nos profetiza que viveremos em amarga pobreza por um longo tempo:

O homem é como a vaidade: ele passa como a sombra. (Salmo 144: 4)

Dos Provérbios de Salomão

27. Contra a alma que por causa da avareza oferece quase nada por misericórdia:

Não deixe que a misericórdia e a verdade o abandonem; amarre-as ao seu pescoço, de modo a que você obtenha o seu favor; e obtenha boas coisas perante o Senhor e perante os homens. (Provérbios 3: 3-4)

28. Contra o pensamento de avareza que nos previne de fazer atos de benevolência e nos sugere desculpas como a pobreza e as enfermidades:

Não evite fazer o bem aos pobres, toda vez que sua mão tiver poder para isto; nunca diga: ‘Volte outra hora, amanhã eu lhe darei’. (Provérbios 3: 27-28)

29. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que, por conta do desejo de riqueza, nos leva a trabalhar noite e dia e nos impede de ler as Sagradas Escrituras, bem como de visitar e cuidar dos doentes:

A riqueza de nada servirá no dia do Juízo, mas a justiça libertará da morte. (Provérbios 11: 4[28])

30. Contra o pensamento que nos oprime porque estamos gastando nosso dinheiro perdulariamente:

A riqueza de um homem cobra um resgate por sua vida; mas a pobreza não sofre ameaças. (Provérbios 13: 8)

31. Contra o pensamento que, diminuindo nossa compaixão, prefere o dinheiro à sabedoria de Deus:

É melhor buscar o ninho da sabedoria do que o ouro; é melhor buscar o ninho da prudência do que a prata. (Sabedoria 16: 16)

32. Contra  pensamento de amor pelo dinheiro que procura o conforto e a glória dos ricos:

Um bom nome é melhor do que muita riqueza, e uma boa reputação está acima do ouro e da prata. (Provérbios 22: 1)

33. Contra o intelecto que se livra dos pensamentos de amor ao dinheiro por meio da esmola, mas que por causa da tristeza e das murmurações volta a se enredar neles – estas circunstâncias mostram que a alma não discerne as paixões causadas pelos pensamentos, nem reconhece que eles constituem um estorvo para a natureza racional que se esforça em obter o conhecimento de Deus:

Deus ama um homem alegre e liberal; mas ele deve comprovar totalmente o desprendimento de sua obra. (Provérbios 22: 8a)

Do Eclesiastes

34. Contra os pensamentos que nos lembram de nossa casa e de nossas propriedades e do estilo de vida associado a estas coisas:

‘Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades; é tudo vaidade!’. (Eclesiastes 1: 2)

35. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que tanto pretende preservar as coisas estocadas no interior como deseja coletar mais coisas de fora, sob pretexto de avivar os irmãos e para as aquisições da Sagrada Escritura:

Aquele que ama a prata não se contentará com a prata; e o que ama o lucro, mesmo diante de sua abundância? Também isto é vaidade. (Eclesiastes 5: 9)

De Jó

36. Contra o pensamento que desenha diante de nossos olhos a perda das riquezas ou propriedades que constituía um grande alívio corporal:

O Senhor dá e o Senhor toma, bendito seja o Senhor. (Jó 1: 21)

De Isaías

37. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que nos aconselha a estocar alimentos e roupas e não os dar aos irmãos necessitados:

Divida o pão com os famintos, e abrigue os que não têm teto em sua casa; se vir uma pessoa sem roupas, vista-a; e não feche os olhos às pessoas de seu próprio sangue. (Isaías 58: 7)

Do Evangelho de Mateus

38. Contra a alma que não se rende à misericórdia diante da pobreza dos irmãos:

Bem-aventurados os misericordiosos, porque receberão misericórdia. (Mateus 5: 7).

39. Contra a alma que pretende mover um processo, por causa do dinheiro e das propriedades que poderá auferir com isto, e não reconhece que não se livrará dos grilhões dos pensamentos causados por sua ação, a menos que ofereça se manto amorosamente:

Se alguém processá-lo e tomar sua capa, dê-lhe também seu manto. (Mateus 5: 40)

40. Contra o pensamento que nos impede de emprestar a um irmão com a desculpa de que ele não poderá pagar:

Dê a todo aquele que lhe pedir, e não recuse a ninguém que venha lhe pedir emprestado. (Mateus 5: 42)

41. Contra os pensamentos interiores que desejam adquirir riquezas e consomem o intelecto com a ansiedade por obtê-las:

Não armazenem para si riquezas na terra, onde a traça e a ferrugem as consumirão, e onde os ladrões invasores as levarão. (Mateus 6: 19)

42. Contra o demônio que nos diz: ‘Quando uma pessoa adquire riquezas, suas propriedades podem servir a Deus’:

Ninguém pode servir a dois mestres; pois o escravo odiará a um e amará o outro, ou será devotado a um e desprezará o outro. Você não pode servir a Deus e à riqueza. (Mateus 6: 24)

43. Contra a alma que em tempos de aflição pretende que suas necessidades sejam preenchidas por outros, mas que não quer aliviar a quem está aflito e passando necessidade:

Em tudo faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem; pois isto está na lei e nos profetas. (Mateus 7: 12)

Do Evangelho de Marcos

44. Contra o pensamento que não permite que repartamos nossa riqueza quando uma nobre situação se desenha diante de nossos olhos:

Quão difícil será para aqueles que possuem riqueza entrar no Reino de Deus! (Marcos 10: 23)

Da Carta de Paulo aos Romanos

45. Contra o intelecto que realiza ações de justiça, sendo que antes apresentou um aspecto de falsidade, murmuração e rosto fechado, coisas estranhas ao amor em praticar os mandamentos; e que não quer ser perturbado por estas paixões quando o sagrado conhecimento chega ao intelecto que se encontra no momento despido destas tolas paixões:

Seja compassivo com alegria. O amor deve ser genuíno. (Romanos 12: 8-9)

Da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios

46. Contra o pensamento de amor pelo dinheiro que abençoa nossos irmãos de sangue e nossos parentes que são do mundo, porque possuem uma riqueza visível:

Aquilo que pode ser visto é temporário, e o que não pode ser visto é eterno. (II Coríntios 4: 18)

47. Contra o pensamento que é avaro naquilo que dá aos pobres – porque dar esmolas mantém o intelecto livre de pensamentos, enquanto que arrepender-se do que foi dado amarra o intelecto a pensamentos que impedem esta liberdade e que prejudicam sua capacidade de receber o conhecimento de Deus:

A questão é: o que semeia avaramente colherá avaramente, e o que semeia generosamente colherá generosamente. (II Coríntios 9: 6)

Da Carta de Paulo aos Efésios

48. Contra o pensamento de amor ao dinheiro que corrompe o carinho pelos irmãos:

Sejam gentis uns com os outros, carinhosos, perdoando-se mutuamente, assim como Cristo Deus os perdoou. (Efésios 4: 32)

Da Carta de Paulo aos Filipenses

49. Contra o pensamento que busca acumular posses apenas para si próprio:

Que cada um não olhe apenas para os próprios interesses, mas para os interesses de todos. (Filipenses 2: 4)

50. Contra o pensamento que nos apresenta a vantagem das posses e nos mostra uma riqueza passada capaz de sustentar muitos irmãos:

Pois todo o ganho que um dia eu tive, hoje considero como perda, por causa de Cristo. Mais do que isto, eu vejo a tudo como perda porque o conhecimento de Jesus Cristo meu Senhor ultrapassa a tudo. Por sua causa eu sofria perda de todas as coisas, e a todas elas eu considero lixo, se por isto eu puder ganhar a Cristo. (Filipenses 3: 7-8)

Da Carta de Paulo aos Colossenses

51. Contra o pensamento que nos reconcilia com a ganância e que não percebe a idolatria que nasce daí:

Envie para a morte, portanto, tudo o que existe de terrestre em você: a fornicação, a impureza, a paixão, os desejos nocivos e a ganância, que é idolatria. Por causa disso a ira de Deus virá sobre os desobedientes. (Colossenses 3: 5-6)

Da Carta de Paulo aos Hebreus

52. Contra o pensamento que procura acumular para nós mais do que o necessário e que deseja adquirir a riqueza:

Mantenham suas existências livres do amor pelo dinheiro, e estejam contentes com aquilo que possuem; pois ele disse: ‘Eu jamais os deixarei nem os abandonarei’. (Hebreus 13: 5)

Da Primeira Carta de Paulo a Timóteo

53. Contra a alma que busca mais do que alimento e roupas e não se lembra de que veio a este mundo nua e que o deixará nua também:

Pois nada trouxemos para este mundo, para que nada dele levemos conosco; assim, de tivermos comida e roupas, estejamos contentes com isso. (I Timóteo 6: 7-8)

54. Contra o pensamento de avareza que diz que nada de mal existe no amor ao dinheiro, mas ao contrário, que ele traz grande alívio aos irmãos e aos estrangeiros:

Pois o amor pelo dinheiro está na raiz de todos os tipos de males, e em sua ânsia pelo enriquecimento alguns foram buscar fora da fé e cobriram-se de inúmeros sofrimentos. (I Timóteo 6: 10)

Da Segunda Carta de Paulo a Timóteo

55. Contra o pensamento que busca enredar-se nos negócios do mundo, sob o pretexto de que isto satisfará suas necessidades:

Ninguém que sirva ao exército se ocupará dos negócios do dia-a-dia; o desejo do soldado é o de atender ao oficial. No caso de um atleta, ninguém é premiado sem competir de acordo com as regras. (II Timóteo 2: 4-5)

Da Primeira Carta de Pedro

56. Contra o pensamento que serve ansiosamente aos negócios sob pretexto de que acabou o dinheiro, de que nada sobrou e que não poderá ser recuperado:

Quem quer que sirva, deve fazê-lo com a força que Deus lhe concedeu, para que Deus possa ser glorificado em todas as coisas através de Jesus Cristo. (I Pedro 4: 11)

Da Primeira Carta de João

57. Contra o pensamento de amor ao dinheiro que não quer dar esmolas aos irmãos, sob pretexto de que ‘eles não estão necessitados’ e que por sua ação renuncia ao amor de Deus:

Como pode o amor de Deus habitar em alguém que possui bens deste mundo e, vendo um irmão necessitado, recusa ajudá-lo? (I João 3: 17)

58. Contra o pensamento que nos faz confessar no mundo que amamos a nossos irmãos, enquanto que renunciamos a eles em nossas ações, por amor ao dinheiro:

Filhos, amemos, não com palavras e discursos, mas em verdade e ação. (I João 3: 18)


Bendito seja o Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo, que nos concedeu a vitória sobre o demônio do amor ao dinheiro, de modo que pudemos derrotá-lo! Amém.




LIVRO QUARTO

Contra o Pensamento da Tristeza

Do Êxodo

1. Contra a alma que, devido à tristeza que a acometeu, pensa que o Senhor não escuta seus lamentos:

Os filhos de Israel se lamentaram por causa de seus trabalhos, e choraram, e seus gritos por causa dos trabalhos chegaram até Deus. E Deus escutou os seus lamentos. (Êxodo 2: 23-24)

2. Contra o pensamento que supõe que o Senhor não vê nossa aflição que provém dos demônios:

E o Senhor disse a Moisés: ‘Certamente eu vi a aflição de meu povo que está no Egito e ouvi seus gritos causados por seus capatazes; eu conheço sua aflição. E eu vim para libertá-los das mãos dos egípcios’. (Êxodo 3: 7-8)

3. Contra a alma que não se dá conta de que as tentações se multiplicam rapidamente quando ela começa a investigar espiritualmente as palavras de Deus e vai se tornando diligente nos mandamentos de Deus:

E Moisés retornou ao Senhor e disse: ‘Eu imploro, Senhor, porque você afligiu meu povo? Sendo assim, por que me enviou? Pois desde que eu me dirigi ao Faraó para falar em seu nome, ele afligiu meu povo, e você não libertou meu povo’. (Êxodo 3: 22-23)

4. Contra o pensamento que não espera receber o auxílio de Deus e que afunda a alma em tristeza:

‘Vá, fale ao filhos de Israel e diga: Eu sou o Senhor; e eu vou conduzi-los à frente da tirania do egípcios, e os libertarei da escravidão e vou resgatá-los com a mão estendida e grande justiça. E os tomarei como meu povo, e serei o seu Deus’. (Êxodo 6: 6-7)

5. Contra a alma que não está convencida de que aqueles que renunciaram ao mundo recentemente não cairão nas mãos dos demônios desprezíveis e que não reage aos ataques abertos por meio de visões e sensações, para que eles não fiquem alarmados com o terror [aos demônios] e assim retornem ao mundo:

Quando o Faraó mandou o povo adiante, Deus os conduziu não pela terra dos Filistinos, porque era perto. Pois Deus disse: ‘Para que em nenhum momento o povo se arrependa ao ver a guerra, e retorne ao Egito’. (Êxodo 13: 17)

6. Contra os pensamentos que nos dizem: ‘Os demônios não sabem que o Senhor está do nosso lado nesta guerra’:

Os egípcios disseram: ‘Vamos fugir dos israelitas, porque o Senhor guerreia ao seu lado contra os egípcios’. (Êxodo, 14: 25)

7. Contra a alma que não entende porque os demônios tramam contra nós:

O inimigo disse: ‘Eu vou persegui-los, vou sobrepujá-los, vou dividir o espólio. Vou satisfazer minha alma, destruir com minha espada, e minha mão dominará a tudo’. (Êxodo 15: 9)

8. Ao Senhor, em relação aos pensamentos que nos aterrorizam, dizendo: ‘À noite os demônios virão e cairão sobre você’:

Deixe que o tremor e o temor caiam sobre eles; pela grandeza de seu braço, deixe-os ficar petrificados, até que todo o povo passe, ó Senhor, até que o povo todo passe, este que você adquiriu. (Êxodo 15: 16)

9. Contra os pensamentos de terror que nos sobrevêm porque o anjo que nos assiste não é visível:

Porque com uma mão secreta o Senhor lançou a guerra contra Amalec por todas as gerações. (Êxodo 17: 16)

10. Contra a alma que está temerosa, como se o anjo de Deus não olhasse por ela:

E veja, Eu enviei meu anjo diante de sua face, para que ele o mantenha no caminho, para que ele o conduza para a terra que eu preparei para você. (Êxodo 23: 20)

Do Levítico

11. Contra a alma que fica triste pelo tumulto da noite e, devido ao terror, imagina que permanecerá para sempre sob esta comoção:

E eu lhe darei paz em sua terra (...) e você poderá perseguir seus inimigos, e eles cairão massacrados diante de você. (Levítico 26: 6-7)

Do Deuteronômio

12. Contra o pensamento humano que pensa em si mesmo e diz: ‘Não convém a você lutar contra os demônios’:

E eu lhe digo: ‘Não tema, e não tenha medo deles. O Senhor seu Deus, que caminha diante de sua face, irá ele próprio efetivamente lutar contra eles junto a você’. (Deuteronômio 1: 29-30)

13.Contra a alma que foi aterrorizada pela voz de um demônio que sibilou subitamente sobre ela no ar:

Comece por tomar posse desta terra; declare guerra a ele ainda hoje. Comece a colocar medo e terror no rosto de todas as nações sob o céu, que ficarão perturbadas ao ouvir seu nome e sentir-se-ão angustiadas diante de você. (Deuteronômio 2: 24-25)

14. Contra o pensamento humano que fica aterrorizado ante a visão de um demônio cujos olhos brilham como fogo:

‘Não tema, e não tenha medo deles. O Senhor seu Deus, que caminha diante de sua face, irá ele próprio efetivamente lutar contra eles junto a você’. (Deuteronômio 1: 29-30)

15. Ao Senhor, em relação à alma que permanece imperturbável quando os demônios caem subitamente sobre o corpo com barulho e tumulto:

Senhor Deus, que começou a mostrar ao seu servo sua força, seu poder, sua mão poderosa e seu braço erguido! Que deus haverá nos céus ou na terra, capaz de fazer o que você fez, e na medida de seu poder? (Deuteronômio 3: 23-24)

16. Contra a alma que está aterrorizada e amedrontada pelos demônios que aparecem a ela e imagina que o Senhor a abandonou:

O Senhor não o abandonará, nem o destruirá; ele não irá esquecer o compromisso com seus pais, sobre o qual jurou. (Deuteronômio 4: 31)

17. Contra a alma que deseja saber a razão de tantos desafios:

Ele o afligirá, e o tentará de todas as formas, e lhe concederá o bem no final dos seus dias. (Deuteronômio 8: 16)

18. Contra o pensamento humano que fica aterrorizado pela visão de demônios que nos assaltam à noite enrolando-se como cobras em nosso torso:

Não deixe que seu coração desfaleça, nada tema, não seja confundido nem dê as costas ao seu rosto; pois é o Senhor seu Deus que avança ao seu lado, para lutar com você contra os seus inimigos, e eu vou salvá-lo. (Deuteronômio 20: 3-4)

19. Contra a alma que está entristecida e amedrontada pelos demônios que a assaltam à noite:

Seja corajoso e forte, nada tema, não seja covarde nem medroso diante deles. Pois é o Senhor seu Deus que avança com você e por você, e que de modo algum o abandonará nem desertará de você. (Deuteronômio 31: 6)

De Josué, filho de Nun

20. Contra a alma que, por meio de sua retirada do mundo, deseja crescer forte no temos a Deus, mas é impedida pelo medo que provém dos demônios:

Seja forte e corajoso, não seja medroso e covarde, pois o Senhor seu Deus estará com você em todos os lugares aonde for. (Josué 1: 9)

21. Contra o pensamento que hesita em abraçar a vida de temor a Deus com medo das visões assustadoras e das lâmpadas de fogo que voam pelo ar:

Não os temam, nem sejam covardes; sejam fortes e corajosos, pois assim fará o Senhor a todos os seus inimigos, contra os quais vocês lutam. (Josué 10: 25)

De Juízes

21. Contra a alma que sucumbe à tristeza e então é aterrorizada por visões durante a noite:

Levante-se, levante-se, Débora, levante-se, levante-se e cante uma canção; erga-se, Barac, e ponha no cativeiro os que o mantinham cativo, filho de Abineem. (Juízes 5: 12)

De Samuel

22. Contra a alma que não sabe que a melodia que acompanha os Salmos altera a condição do corpo e afasta o demônio que toca as suas espáduas, gela seus tendões e perturba todos os seus membros:

E aconteceu que quando o espírito maligno estava sobre Saul, Davi tomou de sua harpa e tocou-a com sua mão: e Saul sentiu-se aliviado, e tudo ficou bem com ele, e o espírito maligno deixou-o. (I Reis 16: 23)

23. Contra o demônio que surge carregando uma espada – devemos, de modo hostil, responder-lhe com uma frase, assim como fez nosso pai Abba Macarius, que respondeu desta maneira quando o viu com sua espada pronto para atacá-lo quando ele havia viajado para o paraíso que Janes e Jambres[29] construíram:

Você me atacou com uma espada, uma lança e um escudo; mas eu vim em nome do senhor Deus dos exércitos. (I Reis 17: 45)

24. Contra o demônio que provoca uma agitação no ar e então nos faz ouvir vozes:

Saibam que o Senhor não os entregará a nós pela espada e pela lança, porque a batalha pertence ao Senhor, e o Senhor os entregará em nossas mãos. (I Reis 17: 47)

25. Contra o demônio que me ameaça com blasfêmias e diz: ‘Farei de você objeto de riso e desaprovação dentre os demais monges porque você investigou e tornou públicos todo o tipo de pensamentos impuros’:

Basta! Não deixarei que o corcunda se gabe diante daquele que é direito! (III Reis 21: 11)

26. Contra a alma que está aterrorizada pelos demônios que aparecem subitamente no ar:

Não tema, pois os que estão conosco são mais do que os que estão contra nós. (IV Reis 6: 16)

27. Contra a alma que não acredita que espaço está cheio de anjos que nos ajudam e não são visíveis aos demônios:

E Eliseu orou e disse: ‘Senhor, abra, eu lhe peço, os olhos de seu servo, e permita que ele veja’. E o Senhor abriu-lhe os olhos, e ele viu. Então contemplou a montanha, que estava cheia de cavalos, e viu que carruagens de fogo estavam ao redor de Eliseu. (IV Reis 6: 17)

De Davi

28. Contra o pensamento que me põe medo e me faz tremer sob o pretexto de que os demônios estão chegando para me combater:

Aquele que habita nos céus rirá deles com desprezo, e o Senhor escarnecerá deles. Então ele lhes falará em sua irá, e os confundirá com sua fúria. (Salmo 2: 4-5)

29. Ao Senhor, em relação às visões desordenadas e tolas que aparecem na noite:

Piedade, Senhor, porque sou fraco; cure-me, Senhor, pois meus ossos estão espezinhados. Também minha alma está dolorosamente oprimida; ó Senhor, por quanto tempo mais? Volte, Senhor, e liberte minha alma; salve-me em nome de sua misericórdia. (Salmos 6: 2-4)

30. Contra os pensamentos que nos aconselham a fugir diante da maldade dos demônios e não resistir a eles com valentia numa contenda:

No Senhor pus minha confiança. Quem poderá me dizer: ‘Fuja para as montanhas como uma andorinha’? (Salmos 11: 1)

31. Ao Senhor, em relação à expectativa de que os demônios virão à noite:

Levante-se Senhor, impeça-os e lance-os fora. Liberte minha alma dos hereges, saque sua espada contra os inimigos de sua mão. (Salmo 17: 13)

32. Contra a alma que é perturbada por sons tumultuosos e pela agitação dos demônios:

Alguns confiam em seus carros, outros em seus cavalos; mas nós nos glorificamos o nome do Senhor Deus. Eles são derrubados e caem, mas nós nos erguemos e somos colocados de pé. (Salmo 20: 7-8)

33. Contra o demônio que toca nossos corpos à noite e picam nossos membros como o escorpião:

O Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei? O Senhor é o defensor de minha vida: de quem terei medo? (Salmo 27: 1)

34. Contra o demônio que aparece subitamente a nós no ar como um etíope[30]:

Ainda que um exército se volte contra mim em bloco, meu coração não temerá; ainda que se instale a guerra contra mim, eu permanecerei confiante. (Salmo 27: 3)

35. Ao Senhor, em relação ao demônio da tristeza que se aproxima de mim e que, sem o auxílio de outros demônios, não cria um desejo, mas cujo trabalho se coloca na cabeça e nas costas; tendo conseguido introduzir a tristeza por meio de pensamentos, ele não necessita mais de pensamentos, mas lança a alma num grande e desnecessário sofrimento:

Você é o meu refúgio contra a aflição que me rodeia; minha alegria, para livrar-me daqueles que me cercam. (Salmo 32: 7)

36. Ao Senhor, em relação aos demônios que caem sobre a pele do corpo, fazendo marcas nela como de fogo, e fazendo surgir outras marcas como de ventosas – coisas que vi muitas vezes com meus próprios olhos e que sempre me espantaram:

Julgue, Senhor, aqueles que me injuriam, lute contra os que lutam contra mim; tome do escudo e da armadura, e levante-se em meu auxílio. Segure com força a espada, e corte o caminho daqueles que me perseguem. Diga à minha alma: ‘Eu sou a sua salvação’. (Salmo 35: 1-3)

37. Ao Senhor, em relação ao demônio da tristeza que altera o intelecto e nele imprime um único conceito cheio de dor e sofrimento – o que é um indício de grande loucura:

Liberte minha alma de suas maldades, e livre meu único filho dos leões. (Salmo 35: 17)

38. Contra o pensamento que me ameaça dizendo: ‘Veja, à noite virão os demônios com suas espadas’:

Faça com que suas espadas penetrem seus próprios corações, e que seus arcos se quebrem. (Salmo 37: 15)

39. Contra o pensamento que profetiza a respeito das pragas dos demônios que recairão sobre mim:

Pois eu estou pronto para os flagelos, e minhas chagas estão sempre diante de mim. (Salmo 38: 17)

40. Contra a alma que busca palavras espirituais nas preces, em tempos de tristeza:

Não me abandone, Senhor meu Deus; não se vá de mim. Aproxime-se, para meu auxílio, Senhor de minha salvação. (Salmo 38: 21-22)

41. Ao Senhor, em relação ao demônio que queima meus tendões:

Retire suas chagas de mim: pois eu desfaleço sob a força de suas mãos. (Salmo 39: 10)

42. Contra a alma, em relação ao pensamento de tristeza que apresenta diante de nossos olhos a velhice de nosso pai, a fraqueza de nossa mãe e as penas de nossos parentes, que não têm como ser consolados:

Suas palavras são mais suaves do que o azeite, mas são dardos. (Salmo 55: 21)

43. Ao Senhor, em relação ao demônio que ameaça meu intelecto com a loucura e a doença mental, para minha vergonha e de todos os que buscam ao Senhor por meio da vida monástica:

Não deixe que aqueles que esperam em você, ó Senhor das hostes, sejam envergonhados por minha causa; não deixe que aqueles que o buscam sejam envergonhados por minha causa, ó Deus de Israel! (Salmos 69: 7)

44. Contra a alma que não compreende o que o chefe dos demônios disse das pessoas que foram “abandonadas por Deus”:

Pois meus inimigos depuseram contra mim; e os que esperam por minha alma formaram um conselho, dizendo: ‘Deus o abandonou; persigam-no e capturem-no, pois não haverá livramento para ele’. (Salmo71: 10-11)

45. Ao Senhor, em relação às serpentes que aparecem voando pelos ares e que parecem sair das paredes – devemos dizer o que falou aquele ancião egípcio, o abençoado Macarius:

Não entregue às feras uma alma que ora por você. (Salmo 74: 19)

46. Contra a alma que não está convencida de que os demônios perversos conversam entre si a nosso respeito:

Eles disseram: ‘Venham, e vamos destruir por completo sua nação, e que o nome de Israel não mais seja lembrado’. (Salmo 83: 4)

47. Contra o demônio que gradualmente começa a imitar imagens obscenas e a aparecer no ar – devemos responder com esta frase, como o justo Antônio respondeu quando interrogado:

O Senhor é meu auxílio, e eu imporei meu desejo sobre meus inimigos. (Salmo 118: 7)

48. Contra o demônio que queima como uma labareda de fogo e então se dissolve no ar como fumaça:

Nossa alma se libertou como a andorinha da rede do caçador; a rede se rompeu e escapamos. Nosso auxílio está no nome do Senhor que fez os céus e a terra. (Salmo 124: 7-8)

49. Ao Senhor, em relação ao demônio que ameaça nos queimar com labaredas de fogo:

Brasas de fogo podem cair sobre eles na terra; e você pode atirá-los à aflição; que eles não consigam se levantar! (Salmo 140: 10)

Dos Provérbios de Salomão

50. Contra o pensamento que me diz: ‘O caminho que leva ao conhecimento de Jesus Cristo é perigoso e cheio de aflição’:

O vadio arruma desculpas e diz: ‘Existem leões no caminho, e assassinos nas ruas’. (Provérbios 22: 13)

De Jó

51. Contra a alma que não sabe que Satanás não pode se aproximar sequer de uma rês sem a permissão de Deus:

Não abençoou você o trabalho destas mãos, não multiplicou o gado destes campos? Mas aja com mão forte, e toque em tudo o que ele possui: verdadeiramente [verá se] ele irá agradecer por isto perante você. (Jó 1: 10-11)

52. Contra a alma que não entende que, depois das tentativas feitas através dos pensamentos, Satanás volta à carga e pede a Deus que lhe dê autoridade sobre o corpo:

O diabo respondeu e disse ao Senhor: pele por pele, tudo o que um homem possui ele dará em resgate por sua vida. Não, melhor: aja com mão pesada, e toque seus ossos e sua carne: verdadeiramente [verá se] ele irá agradecer por isto perante você. (Jó 2: 4-5)

53. Contra os pensamentos que nos aterrorizam profetizando contra nós e dizendo: ‘Veja, à noite os demônios virão numerosos como estrelas à sua cela e queimarão seus olhos e seu rosto’ – é um bom expediente nesta hora ajoelharmo-nos, persistir na oração, viltar nosso rosto e não olhar quando eles tentarem nos perturbar:

Deixe que as estrelas na noite escureçam; deixe que fique escuro e que não venha a luz, e que ele não veja a estrela da manhã nascer. (Jó 3: 9)

54. Contra o pensamento que profetiza contra mim, dizendo: ‘A morte chegará a você por meio dos demônios’:

Pois se um homem deve morrer, poderá ele viver novamente, tendo já cumprido os dias de sua vida? (Jó 14: 14)

De Miqueias

55. Contra o espírito maligno que se opõe à nossa alma, reintroduzindo nela e apresentando pecados do passado, e tentando lançar a tristeza sobre a alma:

Não se regozije contra mim, inimigo meu; pois eu caí, mas ergui-me novamente; e ainda que tenha que sentar-me no escuro, o Senhor será a minha luz. (Miqueias 7: 8)

De Naum

56. Contra a alma que hesita em enfrentar o demônio que no momento da oração aparece de súbito, pousa sobre os ombros e o pescoço, arranha as orelhas e soca o nariz:

O Senhor é bom para os que esperam por ele no dia da angústia; e ele conhece os que o reverenciam. (Naum 1: 7)

De Zacarias

57. Contra a alma que pretende aprender o que acontecerá aos demônios no dia do Juízo e sobre qual geração de tormentos serão eles lançados então – a respeito destes tormentos, o profeta Zacarias profetizou misticamente, dizendo:

E esta será a derrota com a qual o Senhor abaterá todas as nações, tantas quantas lutam contra Jerusalém: sua carne apodrecerá enquanto elas permanecem de pé, seus olhos derreterão dentro das órbitas, e sua língua apodrecerá dentro da boca. (Zacarias 14: 12)

De Isaías

58. Contra os demônios que subitamente emitem fogo e nos perturbam com sons alarmantes – porque eles lançam a alma em estupor, não devemos permitir que a lancem ao terror, mas devemos dizer o que nosso santo Padre Macarius respondeu a eles, dizendo:

Saibam, gentios, pois serão derrotados; ouçam-me até os extremos da terra: serão derrotados, ainda que se armem; e ainda que se armem mais fortemente, serão derrotados novamente. E qualquer que seja a advertência que façam, o Senhor a reduzirá a nada; e qualquer que seja a palavra que disserem, ela não durará entre vocês: pois Deus está conosco. (Isaías 8: 9-10)

59. Contra os pensamentos que nos chegam por causa da fraqueza que os demônios criam em nós:

Eu não desobedeço, nem discuto. Eu ofereço as costas à chibata e o rosto à bofetada; eu não desvio o rosto das cusparadas humilhantes, porque o Senhor se tornou meu auxílio. (Isaías 50: 5-7)

60. Contra o pensamento da alma que entristece por causa do desdém que recebe quando amigos e parentes a reprovam por não ter distribuído entre eles suas riquezas, e não lhe oferecem consolação alguma:

Não tema a reprovação dos homens, nem seja derrotado por seu desprezo. (Isaías 51: 7)

61. Contra a alma que não entende que pensamentos vazios geram nela o medo e o tremor, e que eles obscurecem a sagrada luz que dá confiança ao intelecto:

Abstenha-se da injustiça, e nada terá a temer; e o tremor não mais virá sobre você à noite. (Isaías 54: 14)

De Jeremias

62. Contra a alma que está aterrorizada pelos raios de luz que aparecem nas paredes:

Não tenha medo diante deles: porque eu estou com você para livrá-los deles, diz o Senhor. (Jeremias 1: 8)

63. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de tristeza que conduzem o intelecto a um abismo cheio de pessoas mortas e que imprime no coração visões obscenas – isto é sinal de uma alma em perigo:

Por que aqueles que me deprimem prevalecem contra mim? Minha ferida é grave; quando serei curado? Isto se tornou para mim como as águas enganadoras, nas quais não se pode confiar. (Jeremias 15: 18)

64. Ao Senhor, em relação aos demônios que dizem ao nosso intelecto: ‘Logo você será ridicularizado por seu modo de vida’:

Deixe que os que me perseguem sejam humilhados, mas que não seja eu humilhado; deixe que sejam alarmados, mas que não seja eu alarmado. Lance sobre eles um dia amargo, destrua-os com dupla aniquilação. (Jeremias 17: 18)

De Ezequiel

65. Contra a alma que está aterrorizada pelos demônios que a tocam:

Não tenha medo deles, nem desfaleça diante deles, porque não passam de um bando de provocadores. (Ezequiel 3: 9)

Do Evangelho de Mateus

66. Contra a alma que não está convicta de que os demônios não possuem autoridade sequer sobre os porcos, ainda que se vangloriem, dizendo: ‘Temos autoridade sobre os seres humanos, e os escravizaremos aos nossos desejos’:

Havia, ao longe, uma grande manada de porcos que estavam pastando. Os demônios suplicavam: ‘Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos’. Jesus disse: ‘Podem ir’. (Mateus 8: 30-32)

Do Evangelho de João

67. Contra a alma que não entende que a fraqueza da fé leva à palpitação e ao medo no coração:

Não deixem que seus corações se perturbem. Tenham fé em Deus, e tenha fé em mim também. (João 14: 1)

Dos Atos dos Apóstolos

68. Contra a alma que está triste por ter sido desonrada por causa do nome do Senhor:

Quando deixaram o conselho, alegraram-se por terem sido considerados dignos de sofrer a desonra por causa do Seu nome. (Atos 5: 41)

Da Carta de Paulo aos Romanos

69. Em relação ao sofrimento que provém das tentações:

E não só isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a prova, e a prova produz a esperança. E a esperança não envergonha, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. (Romanos 5: 3-5)

70. Contra o pensamento que profetiza a mim severos sofrimentos que advirão das tentações:

Penso que os sofrimentos do momento presente não se comparam com a glória futura que deverá ser revelada em nós. (Romanos 8: 18)

Da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios

71. Contra o pensamento da alma que supõe estar sendo testada além de suas forças:

Porque Deus é fiel e não permitirá que sejam tentados acima de suas forças, mas, junto com a tentação, dará os meios de sair dela e a força para suportá-la. (I Coríntios 10: 13)

Da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios

72. Contra a alma que, em relação a uma tentação estupidificante e indescritível – que eu não revelarei em palavras por causa das pessoas que, por malícia ou ignorância, ridicularizam seja com palavras cuidadosas seja com palavras descuidadas, e que supõem que os demônios não atormentam os monges abertamente (estas são pessoas que não têm experiência no combate dos demônios que, com permissão de Deus, receberam autorização para nos testar):

Sim, nós nos sentíamos como condenados à morte: a nossa confiança já não podia estar apoiada em nós, mas em Deus que ressuscita os mortos. Foi Deus quem nos libertou dessa morte, e dela nos libertará; nele colocamos a esperança de que ainda nos libertará da morte. (II Coríntios 1: 9-10)

73. Contra o demônio que nos traz de volta os pecados da juventude:

O que era velho já passou; vejam, tudo se tornou novo. (II Coríntios 5: 17)

74. Contra os pensamentos de tristeza que nos chegam em relação aos negócios transitórios, afundando o intelecto  numa grande aflição e levando-o à morte:

De fato, a tristeza que vem de Deus produz arrependimento que leva para a salvação e da qual não existe arrependimento; mas a tristeza segundo este mundo produz a morte. (II Coríntios 7: 10)

Da Carta de Tiago

75. Contra os pensamentos da alma que se reúnem numa guerra aberta contra os demônios:

Sejam submissos a Deus. Resistam ao demônio, e ele fugirá de vocês. (Tiago 4: 7)

Da Primeira Carta de Pedro

76. Contra os pensamentos que preveem que a alma será ferida pelos demônios e que o corpo sucumbirá ante doenças incuráveis:

E quem lhes fará mal, se vocês se empenham em fazer o bem? Se vocês sofrerem por causa da justiça, são abençoados. Não tenham medo deles, nem fiquem intimidados. Em seus corações, santifiquem a Cristo como o Senhor. (I Pedro 3: 13-15)


Bendito seja nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo, que nos deu a vitória sobre o demônio da tristeza!




LIVRO QUINTO

Contra o demônio da Cólera



Do Livro do Gênesis

1. Contra a alma que não sabe que um presente rapidamente extingue um ressentimento longamente cultivado pelo irmão:

Jacó insistiu: “De modo algum! Se alcancei o seu favor, aceite estes presentes de minha mão, pois vim à sua presença como se eu fosse à presença de Deus, e você me acolheu bem. Aceite, portanto, o presente que lhe ofereço, pois Deus me favoreceu, e eu tenho tudo o que preciso”. Como Jacó insistisse, Esaú aceitou. (Gênesis 33: 10-11)

2. Contra os pensamentos de raiva que surgem no caminho de uma vida digna:

[Quando os irmãos se despediram para partirJosé  lhes disse:] “Não briguem no caminho.” (Gênesis 45:24)


Do Êxodo

3. Contra os pensamentos de falso testemunho que nasce da raiva:

Não apresente testemunho falso contra o seu próximo. (Êxodo 20:16)

4. Contra os pensamentos que vieram de um caluniador e que despertam e provocam ira contra o irmão
Não faça declarações falsas [e não entre em acordo com o culpado para testemunhar em favor de uma injustiça]. (Êxodo 23:1)

5. Contra o pensamento que é agitado pela raiva e quer insultar os irmãos:

Afaste-se da acusação falsa: [não faça morrer o inocente e o justo, nem absolva o culpado]. (Êxodo, 23:7)


Do Levítico

6. Contra o pensamento que mostra no intelecto a imagem de um irmão que, por ódio, disse algo mau ou ouviu algo detestável –  isto é o que João o profeta, o vidente de Tebas, costumava relatar, “É possível deter o ódio que tem a ver com riqueza ou comida, mas o ódio por causa da glória que vem de seres humanos é difícil de erradicar”:

Não guarde ódio contra o seu irmão. Repreenda abertamente o seu concidadão, e assim você não carregará o pecado dele. (Levítico 19:17)


De Números

7. Contra a alma que pensa que a perfeita humildade está além da natureza [humana]:

Moisés era o homem mais humilde entre todos os homens da terra. (Números 12:3)


De Samuel

8. Contra a alma que não entende que as injúrias dos seres humanos ocorrem quando Deus os entrega para serem testados:

E Davi disse a Abisaí e a todos os seus ministros: “Vejam: o meu filho, que saiu das minhas entranhas, está querendo me matar! Com muito mais razão esse benjaminita. Deixem que ele me amaldiçoe, pois foi Javé quem o mandou. Talvez Javé considere a minha humilhação e me pague com bênçãos essas maldições de hoje”. (Samuel 16: 11-12)


De Davi

9. Contra a alma que negligencia a humildade, mas sonha em aprender o caminho do Senhor:

Ele encaminha os pobres conforme o direito, e ensina aos pobres o seu caminho. (Salmo25(24): 9)

10. Contra a alma que aceita os pensamentos de raiva e recolhe maus pretextos e falsas suspeitas contra os irmãos:

Deixe a ira, abandone o furor, não se irrite: você só faria o mal.  Porque os maus vão ser excluídos, e os que esperam em Javé possuirão a terra. (Salmo 37(36): 8-9)

11. Contra o pensamento que é posto em movimento por calúnias dos irmãos que obscurecem a alma com uma nuvem de raiva:

Você se assenta para falar contra o seu irmão, e desonra o filho de sua mãe. (Salmo 50 (49): 20).

12. Para agradecer o Senhor por que o intelecto entendeu que as visões assustadoras da noite provêm do tumulto causado pela raiva, e então percebe que elas são extintas pela misericórdia e a paciência:
  
Teu mandamento me torna mais sábio que os meus inimigos porque ele me pertence para sempre.  Sou mais sábio que todos os meus mestres, porque medito em teus testemunhos. (Salmos 119 (118): 98-99).

13. Contra o demônio que provoca a raiva contra os irmãos e também nos convence a cantar este salmo, onde está escrito que devemos ser pacientes, sem que sejamos capazes – ele (o demônio) faz isso a fim de nos ridicularizar quando recitamos o mandamento e não mantemos a ação:

Como podemos cantar um canto para Javé em terra estrangeira? (Salmo (137) 136:4).


Dos Provérbios de Salomão

14. Contra o pensamento que nos faz colher ideias perversas contra um irmão, por exemplo, que ele é negligente, ou que ele é maledicente, ou que ele não faz o que devia:

Não planeje o mal contra o seu vizinho, pois ele mora ao seu lado e confia em você. (Provérbios 3:29)

15. Contra o pensamento que vem do ódio e nos faz querer brigar com um irmão sobre assuntos transitórios:

O ódio provoca rixas, mas o amor cobre todas as ofensas. (Provérbios 10:12)

16. Contra o pensamento de que nos obriga a pronunciar uma maldição contra um irmão:

A boca sincera aplaca o ódio, mas quem espalha a calúnia é insensato. (Provérbios 10: 18).

17. Contra a raiva que é agitada contra um irmão e que no momento da oração torna o intelecto impróprio a orar:

Quem é generoso progride na vida, e quem dá de beber jamais passará sede. (Provérbios 11: 25)

18. Contra o pensamento que desperta a nossa indignação contra o rebanho que não caminha direto em seu caminho:

O justo sabe cuidar de tudo o que os animais precisam, mas os injustos não são capazes de se compadecer. (Provérbios 12: 10)

19. Contra o pensamento que é rapidamente despertado pela raiva, baseado em um pretexto trivial, agitando o intelecto:

O tolo mostra logo a sua raiva, mas a pessoa esperta disfarça a ofensa. (Provérbios 12: 16)

20. Contra o pensamento que pensa até em traição contra um irmão:

O preguiçoso não ganha seu sustento, mas o trabalhador se torna rico. (Provérbios 12: 27)

21.  Contra a alma que marcha no caminho do ressentimento através do pensamento, e que arrasta o intelecto para que a inteligência se torne inflamada de ira e, mesmo após o pensamento desta paixão desaparecer, mesmo depois que o tempo passou, continua a manter na mente a representação de uma palavra ou de coisas transitórias que nublam e se imprimem no intelecto:

A vida se encontra no caminho da justiça; o caminho da injustiça conduz para a morte. (Provérbios 12: 28)

22. Contra o pensamento de raiva que perturba e esgota a paciência e nos faz pensar em atos de loucura, cujo poder vem do desejo de posse e contra o qual é preciso despertar a humildade:

O homem paciente é cheio de inteligência, mas o impulsivo exalta sua própria ignorância. (Provérbios 14: 29)

23. Contra o pensamento de raiva que nos impede de responder com humildade àqueles que nos castigam com razão:

Resposta calma aplaca a ira; palavra mordaz atiça a cólera. (Provérbios 15: 1)

24. Contra o pensamento de raiva que nos leva a conflitos com os irmãos e que nos impede de parar de discutir:

O homem colérico provoca disputas; o homem paciente acalma as brigas. (Provérbios 15: 18)

25. Contra a alma que supõe que não é o pensamento de raiva que é abominação diante de Deus, mas somente o pecado que dele decorre:

Javé detesta projetos perversos e gosta de palavras sinceras. (Provérbios 15: 26)

26. Contra o pensamento de que nos aconselha a gostar de pessoas raivosas e de palavras de ira:

Não se junte com a pessoa colérica, nem frequente gente raivosa  Você poderá se acostumar com o modo delas e criar uma armadilha para si mesmo. (Provérbios 22: 24-25).

27. Contra a alma que sofreu um mal e quer fazer o mal como se fosse o bem – esta é uma indicação de uma paixão pervertida que pertence a uma alma que ama coisas vãs:

Nunca diga: “Vou fazer para ele o mesmo que ele me fez. Vou lhe pagar como ele merece!” (Provérbios 24: 29)

28. Contra o intelecto que não é misericordioso, que não tem pena de seu inimigo quando o vê em amarga situação de pobreza, e que não quer dissolver sua inimizade com a oferta de uma refeição:

Se o seu inimigo tem fome, dê a ele de comer; se tem sede, dê a ele de beber. Deste modo, você o deixará corado de vergonha e Javé recompensará você. (Provérbios 25: 21-22)


Do Eclesiastes

29. Contra o pensamento da alma que é rapidamente inflamado com raiva e se torna rapidamente amargurado contra os irmãos:

Não fique tão depressa com o espírito irritado, porque a irritação se abriga no peito dos insensatos. (Eclesiastes 7: 9)

30. Contra a alma que não quer abrir mão de pretextos para raiva, mas que deseja comida, roupas, riquezas e a glória passageira, a raiva que é incitada por causa destas coisas não saem do coração, mas que mergulham o intelecto nas profundezas da perdição:

Expulse a melancolia do seu coração e afaste do seu corpo a dor, porque a juventude e os cabelos negros são fugazes. (Eclesiastes 11: 10)


Do Cânticos dos Cânticos

31. Contra o demônio que busca por meio de muitas tentações extinguir o nosso amor para com os irmãos:

As águas da torrente jamais poderão apagar o amor, nem os rios afogá-lo. (Cânticos 8:7)


De Isaias

32. Contra o pensamento que nos provoca a escrever para a pessoa que nos causou problemas palavras nocivas que vão atacar seu coração:

Ai daqueles que fazem decretos iníquos e daqueles que escrevem apressadamente sentenças de opressão. (Isaias 10:1)


Da Lamentação de Jeremias

33. Para agradecer o Senhor a respeito de pensamentos de raiva que já não nos provocam:

Tu te encarregaste de defender a minha causa e resgatar a minha vida. Tu viste, Javé, que sofro injustiça: julga a minha causa.  Viste a vingança que tramam contra mim. (Lamentações  3: 58-60).


Do Evangelho de  Mateus

34. Contra os pensamentos de raiva que os nossos pais e irmãos nos apresentam quando nos perseguem por causa do nome do Senhor:

Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. (Mateus 5: 10)

35. Contra os pensamentos que se agitam contra um irmão devido à sua apatia:

Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. [Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno]. (Mateus 5: 22)

36. Contra o intelecto que tem raiva de alguém que o feriu e que, quando lhe é dada uma segunda chance, não quer abandonar o pensamento  causado  pelo ferimento original:

Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! (Mateus 5: 39)

37. Contra os pensamentos que nos levam a odiar e amaldiçoar os nossos inimigos:

Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês!  Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. (Mateus 5: 44-45)


Do Evangelho de Lucas

38. Contra o pensamento de raiva que não fica satisfeito com o arrependimento de um irmão, mas que torna a ficar amargurado contra ele:

[Prestem atenção]! Se o seu irmão peca contra você, [chame a atenção dele.] Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: ‘Estou arrependido’, você deve perdoá-lo. (Lucas 17: 3-4).


Do Evangelho de João

39. Contra o intelecto que aceita pensamentos de raiva contra o irmão e que perverte o mandamento do amor, este mandamento que é chamado de "novo":

Eu dou a vocês um novo mandamento: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros. (João 13: 34)


Da Carta aos Romanos

40. Contra os pensamentos de raiva que são amargurados contra o amor:

Quem nos poderá separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (Romanos 8: 35)

41. Contra os pensamentos de inveja, que se regozijam na desgraça de nossos inimigos:

Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram. Vivam em harmonia uns com os outros. (Romanos 12: 15-16)

42. Contra o pensamento de inveja que guarda rancor e procura retribuir com o mal a alguém que está sofrendo:

Não paguem a ninguém o mal com o mal; seja a preocupação de vocês fazer o bem a todos os homens. (Romanos 12: 17)


Da Carta aos Coríntios

43. Contra os pensamentos de inveja que nos aconselham a aproveitar e fraudar:

[Só o fato de existirem questões entre vocês já mostra que vocês falharam completamente.] Não seria melhor sofrer uma injustiça? Não seria melhor ser roubado? Ao contrário, são vocês que roubam e cometem injustiça; e isso com os próprios irmãos! (I Coríntios 6: 7-8)

44. Contra os pensamentos da raiva que se enfurecem contra alguém que nos provocou escravidão:

Você era escravo quando foi chamado? Não se preocupe com isso. Mas, se você pode se tornar livre, não deixe passar a oportunidade. Porque o escravo, que foi chamado no Senhor, é liberto no Senhor. [Da mesma forma, aquele que era livre quando foi chamado é escravo de Cristo]. (I Coríntios 7: 21-22).

45. Contra a alma a quem não é permitido o discurso sincero de amor, mas que se vê privada dele por um pensamento de raiva:

Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e a dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.  Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada.  Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas,  se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria.  O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não ostenta, não se incha de orgulho.  Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor.  Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. A tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.  O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. (I Coríntios 13: 1-8)


Da Carta aos Gálatas

46. Contra a alma que fica rapidamente com raiva, mas que quer encontrar dentro de si a fronteira do conhecimento da verdade:

O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si. [Contra essas coisas não existe lei]. (Gálatas 5: 22-23)

47. Contra os pensamentos que nos lançam na dor por causa dos fracassos dos irmãos:

Carreguem os fardos uns dos outros, e assim vocês estarão cumprindo a lei de Cristo. (Gálatas 6: 2)

48. Contra os pensamentos da alma que alimentam a raiva contra alguém que recebeu muitas coisas boas de nós e, em seguida, se queixam delas:

Por isso não vamos nos cansar de fazer o que é certo, pois vamos colher na época da colheita, se não desistirmos. (Gálatas 6: 9)


Da Carta aos Efésios

49. Contra os pensamentos de raiva que não permitem que se reconcilie com o irmão, porque fazem aparecer diante de nossos olhos pretextos que são “adequados”, mas que, na verdade, não passam de vergonha, medo e orgulho (“Será que ele não irá cair nas mesmas ofensas como antes, ele que transgrediu nesse assunto?”). Esta é uma indicação da astúcia do demônio, que não quer deixar o intelecto se tornar livre de ressentimento:

Vocês estão com raiva? Não pequem; o sol não se ponha sobre o ressentimento de vocês.  Não deem ocasião ao diabo. (Efésios 4: 26-27)

50. Contra os pensamentos de qualquer tipo que nascem da raiva sobre assuntos de diferentes tipos:

Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade. (Efésios 4: 31)


Da Carta aos Filipenses

51. Contra os pensamentos de raiva que se atrevem a murmurar sobre o serviço aos irmãos:

Façam tudo sem murmurações e sem críticas, para serem inocentes e íntegros, como perfeitos filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, [onde vocês brilham como astros no mundo]. (Filipenses 2: 14-15)


Da Carta aos Colossenses

52. Contra os pensamentos que derivam da raiva inflamada e que, a partir de seu calor, dão à luz a blasfêmia e a traição:

Agora, porém, abandonem tudo isso: ira, raiva, maldade, maledicência e palavras obscenas, que saem da boca de vocês.  Não mintam uns aos outros.[De fato, vocês foram despojados do homem velho e de suas ações]. (Colossenses 3: 8-9)


Da Primeira Carta aos Tessalonicenses

53. Contra os pensamentos que querem pagar o mal com o mal:

Cuidem que ninguém retribua o mal com o mal, mas procurem sempre o bem uns dos outros e de todos (I Tessalonicenses 4: 15)


Da Primeira Carta a Timóteo

54. Contra a alma que não sabe a finalidade dos mandamentos de Deus e que, por causa dos pensamentos da raiva, os perverte:

A finalidade desta ordem é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem hipocrisia. (I Timóteo 1: 5)


Da Segunda Carta a Timóteo

55. Contra o intelecto que, por meio dos pensamentos, atiça o conflito em sua mente:

Um servo do Senhor não deve ser briguento, mas manso para com todos, competente no ensino, paciente nas ofensas sofridas. (II Timóteo 2: 24)

56. Contra os pensamentos de raiva que nos ocorrem por causa da perseguição, quando somos perseguidos pelos pais e parentes por causa do nome do Senhor:

Ademais, todos os que querem viver com piedade em Jesus Cristo serão perseguidos. (II Timóteo 3: 12)


Da Carta a Filemon

57. Contra o pensamento que provoca a raiva em nós contra um irmão que aceitou dinheiro ou qualquer outra coisa que ele precisava e não está trabalhando para pagá-lo:

Se ele deu algum prejuízo ou deve a você alguma coisa, ponha isso na minha conta. (Filemon 1: 18)


Da Carta de Tiago

58. Contra a alma que fica com raiva rapidamente, mas procura a retidão de Deus:

[Vocês já sabem, meus queridos irmãos:] cada um seja pronto para ouvir, mas lento para falar, e lento para ficar com raiva, porque a raiva do homem não produz a justiça que Deus quer. (Tiago 1: 19-20)

59. Contra o pensamento que encheu o intelecto de raiva, mas que quer ver em sua alma a sabedoria de Deus:

[Ao contrário,] a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, pacífica, humilde, compreensiva, cheia de misericórdia e bons frutos, sem discriminações e sem hipocrisia. Na verdade, um fruto de justiça é semeado na paz para aqueles que trabalham pela paz. (Tiago 3: 17-18)

60. Contra o pensamento que é movido pela calúnia dos irmãos e que despreza o legislador (“Ele não praticou a justiça, quando ele estabeleceu essa lei, dizendo: ‘Não calunie seu irmão’...”):

Irmãos, não fiquem criticando uns aos outros! Quem critica o irmão ou julga seu irmão, está criticando uma lei e julgando uma lei. E se você julga uma lei, você não é alguém que obedece a uma lei, mas alguém que a julga. Ora, só um é o legislador e juiz: aquele que pode salvar e destruir. [Quem é você para julgar o próximo?]. (Tiago 4: 11-12)


Da Primeira Carta de Pedro

61. Contra o intelecto que quer pagar o mal com o mal, ou o abuso com abuso, e que não quer, através de bênçãos, esquecer os pensamentos abusivos e caluniosos:

Não paguem o mal com o mal, nem o insulto com outro insulto; pelo contrário, abençoem, porque para isso vocês foram chamados, isto é, para serem herdeiros da bênção. (I Pedro 3:9)


Da Primeira Carta de João

62. Contra o intelecto que disse que o temor de Deus está nele, mas que odeia o seu irmão:

Quem afirma que está na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. (I João 2: 9)

63. Contra os pensamentos que nascem do ódio e tornam o intelecto assassino em relação a um irmão:

Todo aquele que odeia o seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem dentro de si a vida eterna. (I João 3: 15)

64. Contra o intelecto que diz amar a Deus, mas que, graças ao ódio contra um irmão, já renunciou ao amor:

Se alguém diz: “Eu amo a Deus”, e no entanto odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, tampouco poderá amar a Deus, a quem não vê. (I João 4: 20)


Bem aventurado seja nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, que nos deu a vitória sobre os pensamentos do demônio da raiva, para que possamos vencê-lo!



LIVRO SEXTO

Contra o Pensamento da Preguiça[31]

Do Gênesis

1. Contra o pensamento do demônio da preguiça que odeia o trabalho manual de um ofício conhecido e pretende aprender outro ofício em que tenha mais colaboração e que não seja tão árduo:

Com o suor do seu rosto você comerá o pão, até retornar à terra da qual foi tirado. Pois você é terra, e à terra retornará (Gênesis 3: 19)

Do Êxodo

2. Contra o pensamento que, por causa da preguiça, é levado a caluniar o abade sob o pretexto de que ‘ele não consola os irmãos, mas é duro com eles e não mostra misericórdia por suas aflições’:

Você não deve insultar os deuses nem ser maledicente em relação aos que dirigem seu povo. (Êxodo 22: 28)

De Números

3. Contra a alma que sucumbe ao pensamento de preguiça e espera impacientemente para se encher dos frutos do conhecimento da verdade:

Você deve perseverar para colher os frutos da terra. (Números 13: 21)

Do Deuteronômio

4. Contra o intelecto que, devido aos pensamentos de preguiça, inclina-se para o mundo e passa a amá-lo, ao mundo e às coisas do mundo:

Ouça, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. E você deve amar ao Senhor seu Deus com toda sua mente, com toda sua alma, com toda sua força. (Deuteronômio 6: 4-5)

5. Contra o pensamento de preguiça que me tira da leitura e da instrução das palavras espirituais, deixando-nos perdidos, ao dizer: ‘Veja, este ou aquele homem santo conhecia apenas doze Salmos, e agradou a Deus’:

E estas palavras, tudo o que ordenei a você neste dia, deverá ficar em seu coração e em sua alma. E você deve ensiná-las aos seus filhos, e falar delas quando estiver sentado em casa, ou andando pelos caminhos, ao de deitar ou ao se levantar. (Deuteronômio 6: 6-7)

6. Contra a alma que recebe pensamentos de preguiça assim que uma pequena enfermidade atinge seu corpo:

E o Senhor arrancará de vocês toda enfermidade; e nenhuma das malignas pragas do Egito, que vocês viram e conheceram, nada cairá sobre vocês, mas sobre aqueles que os odeiam. (Deuteronômio 7: 15)

7. Contra o pensamento que, por causa da preguiça, procura a família e as pessoas da casa e pensa: ‘O demônio da preguiça é mais forte do que nós, e eu não consigo derrotar os pensamentos que dele provêm e que se opõem a mim’:

O Senhor entregará os inimigos que resistem, aniquilando-os por completo diante de seu rosto: ele virão sobre você por um caminho, e serão expulsos de você por sete caminhos. (Deuteronômio 28: 7)

De Josué, filho de Nun

8. Contra o pensamento de preguiça que prejudica a leitura e a meditação das palavras espirituais e que nos aconselha a dizer que devemos aprender as Escrituras através de seu Espírito:

E o livro desta lei não deve sair de sua boca, e você deve meditá-lo noite e dia, para que você possa conhecer todas as coisas que estão escritas nele; então você prosperará e se tornará sábio. Veja, eu ordeno a você. (Josué 1: 8-9)

De Juízes

9. Contra a alma que no tempo da preguiça considera as coisas e diz: ‘Por que o Senhor permite que eu seja tentado pelos demônios? Algumas vezes eles atiçam nossa raiva contra os irmãos que estão próximos, e em outras ocasiões nos lançam na tristeza nos compelindo a nos aborrecermos com irmãos que estão distantes’ – estes são truques dos pensamentos de preguiça:

E o Senhor estava muito bravo com Israel, e disse: ‘Uma vez que esta nação abandonou o pacto que combinei com seus pais, e deixou de ouvir a minha voz, então eu já não expulsarei nenhum homem das nações de diante de sua face, que Josué, filho de Nun, deixou na terra’. E o Senhor os deixou, para testar Israel com eles, e ver se eles manteriam os caminhos do Senhor e nele caminhar, como fizeram seus pais, ou não. Então o Senhor deixou essas nações e não as expulsou imediatamente; e não as entregou nas mãos de Josué. E as nações que o Senhor permitiu que testassem Israel foram todas aquelas que não haviam conhecido as batalhas de Canaã. Por causa das gerações de Israel, e para ensiná-los a guerra, apenas os homens que nãos os haviam conhecido antes. (Juízes 2: 20 – 3: 2)

De Davi

10. Contra a alma endurecida que não quer derramar lágrimas à noite por causa dos pensamentos de tristeza – pois o derramamento de lágrimas é um grande remédio para as visões noturnas que nascem da tristeza, e Davi o Profeta sabiamente aplicou este remédio às suas próprias paixões, ao dizer:

Eu estou vestido com meus gemidos; eu lavo minha cama todas as noites; eu molho meu divã com lágrimas. (Salmo 6: 6)

11. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de preguiça que persistem em mim:

Veja minha aflição e minha angústia; e perdoe meus pecados. (Salmo 25: 18)

12. Contra o pensamento de preguiça que rouba minha esperança:

Eu acredito que verei a bondade do Senhor na terra dos vivos. (Salmo 27: 13)

13. Contra o pensamento de murmuração que deriva da preguiça e que desafia o silêncio durante a oração:

Eu bendirei o Senhor todo o tempo; seu louvor estará sempre na minha boca. (Salmo 34: 1)

14. Contra a alma que quando se encontra preguiçosa recebe pensamentos que levam embora sua esperança mostrando a ela o quanto é difícil da vida monástica e que um ser humano dificilmente aguenta este modo de vida:

Espere em Deus, e faça o bem; habite esta terra, e você será alimentado com suas riquezas. (Salmo 37: 3)

15. Contra a alma miserável que é preguiçosa e escolhe outros lugares para viver:

Espere no Senhor, e mantenha-se no seu caminho, e ele o exaltará para que herde esta terra. (Salmo 37: 34)

16. Contra o intelecto que ignora que, quando os pensamentos de preguiça persistem nele, eles perturbam sua estabilidade, e no momento da prece eles obscurecem a sagrada luz em seus olhos – em relação a esta luz, eu e o servo de Deus Ammonius desejávamos saber de onde ela provém, e perguntamos ao santo João, o profeta de Tebas, se é da natureza do intelecto ser luminoso e derramar a partir de si uma luz própria, ou se esta luz vem de algo externo e ilumina o intelecto; mas ele nos respondeu dizendo: ‘Nenhum ser humano é capaz de explicar isto, e, de fato, fora da graça de Deus o intelecto não pode ser iluminado durante a prece apenas por se libertar dos muitos inimigos cruéis que tentam destruí-lo’:

Meu coração está perturbado, minhas forças me abandonaram; e a luz dos meus olhos já não está comigo. (Salmo 38: 9)

17. Contra a alma que quer aprender quando a alma está verdadeiramente entregue às tentações do demônio e quando ela foi apenas brevemente abandonada pelos santos anjos:

Meus amigos e meus vizinhos se afastaram de mim e ali permaneceram; mesmo meus parentes mais próximos se afastaram. Enquanto isso, os que caçam minha alma me pressionam, e os que me fustigam falam coisas malignas e inventam calúnias contra mim o dia todo. (Salmo 38: 11-12)

18. Contra o pensamento de preguiça que leva consigo nossa esperança e nossa persistência sob o pretexto de que não é nos esforçando assim que iremos obter a misericórdia de Deus:

Eu esperei pacientemente no Senhor, e ele me atendeu e ouviu a minha súplica. (Salmo 40: 1)

19. Contra a alma que supõe que as lágrimas não são benéficas no momento do combate contra a preguiça e que não recorda que Davi fez a mesma coisa, dizendo a Deus:

Minhas lágrimas foram meu pão, noite e dia. (Salmo 42: 3)

20. Contra a alma que sucumbe à preguiça e se torna cheia de pensamentos de tristeza:

Por que está tão triste, ó alma minha? E por que tanto me perturba? Espere em Deus, pois eu o agradecerei, a ele, a salvação do meu semblante. (Salmo 42: 5)

21. Ao Senhor, em relação ao demônio da preguiça que me ataca todo dia:

Tenha misericórdia de mim, ó Deus; pois os homens me pisotearam, e por todo o dia guerrearam contra mim e me afligiram. (Salmo 56: 1)

22. Ao Senhor, por causa dos pensamentos de ira e desejo que partiram de mim:

Nós chegamos em meio de fogo e água; mas você nos trouxe a um lugar de alívio. (Salmo 66: 12)

23. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de preguiça que estão em nós: ‘Fulano de Tal, um de nossos irmãos ou parentes, alcançou um lugar de honra e autoridade, e se tornou um homem poderoso’:

É bom para mim me manter bem perto de Deus e colocar minha confiança no Senhor. (Salmos 73: 28)

24. Contra o pensamento que no momento da preguiça nos incita a procurar os irmãos sob o pretexto de ser confortados por eles:

Minha alma se recusou a ser confortada. Eu me lembrei do Senhor, e regozijei-me; eu derramei minha queixa, e minha alma desfaleceu. (Salmo 77, 2-3)

25. Contra o pensamento de preguiça que me lembra de um tempo longo e muitos anos de vida miserável:

Para o homem, a vida é como a relva; como uma flor no campo, também ele deve florescer. (Salmo 103: 15)

26. Contra o pensamento de preguiça que está ansioso por encontrar uma nova cela para moradia, sob o pretexto de que a primeira que possuíamos era mal cheirosa e cheia de fumaça, e que pegamos várias doenças vivendo nela:

Aqui eu resido; pois escolhi viver aqui. (Salmo 132: 14)

27. Ao Senhor, em relação aos pensamentos que perseguem e aterrorizam meu intelecto:

Pois o inimigo perseguiu minha alma; atirou minha vida ao chão e me fez morar num lugar escuro, como os que estiveram mortos por um longo tempo. Então meu espírito se tornou pesado e meu coração se perturbou. (Salmo 143: 3-4)

Dos Provérbios de Salomão

28. Contra o pensamento de preguiça que rejeita o trabalho manual e leva o corpo a cochilar contra a parede:

Por quanto você ficará deitado, vadio? E quando irá acordar do seu sono? Você dorme um pouco, descansa um pouco, cochila por um tempinho e cruza seus braços sobre o peito só um pouquinho. E então a pobreza se abate sobre você como um viajante maligno, sôfrega como um gatuno esperto. (Provérbios 6: 9-11)

29. Contra o pensamento que negligencia os trabalhos envolvidos no serviço prestado aos mandamentos:

Abençoada é a pessoa que ajuda, que confia na esperança[32].

30. Contra o pensamento de preguiça que reclama dos irmãos sob o pretexto de que eles não têm amor e não querem consolar a nós que estamos tristes e aborrecidos:

Um homem que quer se separar de seus amigos procura desculpas; mas a qualquer momento ele está sujeito à reprovação. (Provérbios 18: 1)

De Jó

31. Contra a alma que se entristece por causa de pensamentos de preguiça:

Não recuse o castigo do Todo Poderoso; porque ele causa dor ao homem, mas o restaura novamente; ele golpeia, mas sua mão cura. Por seis vezes ele o livrará do perigo, e na sétima vez o mal não o alcançará. (Jó 5: 17-19)

32. Contra o pensamento de preguiça que nos representa numa velhice demorada, uma pobreza severa e sem consolação, e doenças capazes de matar o corpo:

Pergunte pela geração anterior, e procure diligentemente entre a estirpe de nossos pais; pois nós nascemos ontem, e nada sabemos; pois nossa vida sobre a terra é uma sombra. (Jó 8: 8-9)

33. Contra o pensamento de preguiça que nos mostra outros lugares e nos incita a adquirir lá uma cela, sob o pretexto de que nesses lugares conseguiremos suprir nossas necessidades sem trabalho árduo e obteremos a paz e a consolação com os irmãos de lá:

Não é curto o tempo de uma vida? Conceda-me ainda um pouco, antes que eu me vá para onde não há retorno, para uma terra de escuridão e melancolia, para uma terra de treva perpétua, onde não existe luz, onde ninguém pode enxergar a vida dos mortais. (Jó 10: 20-22)

34. Contra a alma que em sua preguiça pensa que ninguém vê sua aflição:

Não diga que não há quem visite um homem, pois ainda assim ele será visitado por Deus. (Jó 34: 9)

De Miqueias

35. Contra os pensamentos de preguiça que chamam de abençoados aqueles que negociam com o mundo:

Pois todos de todas as nações caminharão segundo seus próprios caminhos, mas nós caminharemos em nome do Senhor nosso Deus pelos séculos dos séculos. (Miqueias 4: 5)

36. Contra a alma que, devido a alguma enfermidade do corpo, recebe pensamentos de preguiça:

Eu sofrerei a indignação do Senhor, porque pequei contra ele, até que ele retifique a minha causa; e ele poderá sustentar meu direito, e conduzir-me para a luz, e então eu contemplarei a sua justiça. (Miqueias 7: 9)

De Isaías

37. Contra a alma que sucumbiu ante o peso da preguiça e clama por causa da lassidão que resulta dos pensamentos de preguiça:

Veja, todos os seus adversários serão envergonhados e confundidos; pois eles serão como se não existissem, e todos os seus oponentes perecerão. (Isaías 41: 11)

De Jeremias

38. Contra a alma que, devido aos pensamentos de lassidão e preguiça que nela persistem, se tornou fraca, foi rebaixada e se dissipou em suas próprias misérias; cujas forças foram consumidas numa grande fadiga; cujas esperanças foram praticamente destruídas pela força do demônio; que se tornou como enlouquecida e infantilizada com lágrimas tristes e passionais; e que não encontra auxílio em parte alguma:

Então disse o Senhor: ‘Que sua voz deixe de soluçar, e seus olhos deixem de derramar lágrimas, porque haverá uma recompensa por seus trabalhos; eles retornarão da terra de seus inimigos, e haverá uma morada eterna para os seus filhos. (Jeremias 38: 16-17)

39. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de preguiça que fazem tremer nossa persistência e nos causam uma pequena queda, fazendo-nos estender um pouco mais nossa visita ao nosso lar e nossa família:

Senhor, aja por nós em nossa própria causa, porque nossos pecados são demasiados diante de sua  face, pois pecamos contra você. Senhor, a esperança de Israel, e quem nos livra em tempos de aflição. (Jeremias 14: 8)

Das Lamentações de Jeremias

40. Contra os pensamentos que nos mostram a vida monástica com muitas aflições e trabalhos em suas disciplinas:

O Senhor é bom para com os que nele esperam; a alma que o busca é boa, e esperará, e calmamente aguardará a salvação do Senhor. (Lamentações 3: 25-26)

41. Contra o pensamento que diz que uma pessoa pode adquirir pureza e estabilidade fora da vida monástica:

É bom para o homem quando ele carrega uma canga em sua juventude: ele se sentará sozinho, e permanecerá em silêncio, porque a teve sobre si. Ele dará sua face ao que o golpeia, e se encherá de reprovações. E o Senhor jamais o rejeitará. (Lamentações 3: 27-31)

De Daniel

Ao Senhor, em relação ao pensamento de preguiça que cresce fortemente dentro de mim:

Não nos abandone, não cancele nosso compromisso, não deixe que sua misericórdia nos deixe, em nome de seu bem amado Abrahão, de seu servo Isaac, em nome de seu santo Israel. (Daniel 3: Cântico das três crianças 10-11)

Do Evangelho de Mateus

43. Contra o pensamento de preguiça que nos incita a visitar nosso pai carnal:

Deixe que os mortos enterrem seus mortos; quanto a você, vá e proclame o reino de Deus. (Lucas 9: 60; cf. Mateus 8: 22)

44. Contra a alma que sucumbe à preguiça e quer retornar aos seus parentes de carne:

Todo aquele que tiver deixado sua casa, seus irmãos e irmãs, seu pai e sua mãe, seus filhos e seus campos, em meu nome, receberá cem vezes em troca e herdará a vida eterna. (Mateus 19: 29)

Do Evangelho de Lucas

45. Contra a alma que não está convencida de que Cristo mandou odiar o amor à família, quando ele falava de almas que estavam submetidas a paixões e desejos e ao amor pelo mundo:

Quem quer que venha a mim e não odeie seu pai e sua mãe, sua esposa e filhos, irmãos e irmãs, e mesmo a própria vida, não pode ser meu discípulo. (Lucas 14: 26)

Dos Atos dos Apóstolos

46. Contra os pensamentos de preguiça que surgem em nós, pretextando: ‘Veja, nossos parentes dizem de nós que não é por causa de Deus se deixamos o mundo e abraçamos o monasticismo, mas por causa de nossos pecados e de nossa fraqueza, porque fracassaríamos nos negócios do mundo’:

Devemos obedecer antes a Deus do que aos seres humanos. (Atos 5: 29)

Da Carta de Paulo aos Romanos

47. Contra os pensamentos de preguiça que nos advêm com as aflições:

Sejam pacientes nos sofrimentos, perseverem na oração. (Romanos 12: 12)

Da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios

48. Contra os pensamentos que nos levam a murmurar devido à preguiça:

Não se queixem como o fizeram alguns dentre eles, que foram destruídos pelo destruidor. (I Coríntios 10: 10)

Da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios

49. Contra o pensamento que se entristece por causa dos pensamentos de preguiça e que não se lembra das provas do Apóstolo, conforme ele narrou:

Muito mais pelas fadigas; muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos açoites; frequentemente em perigo de morte; dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Fui flagelado três vezes; uma vez fui apedrejado; três vezes naufraguei; passei um dia e uma noite em alto mar. Fiz muitas viagens. Sofri perigos nos rios, perigos por parte dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de raça, perigos por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos. Mais ainda: morto de cansaço, muitas noites sem dormir, fome e sede, muitos jejuns, com frio e sem agasalho. E isso para não contar o resto. (II Coríntios 11: 23-28)

Da Carta de Paulo aos Efésios

50. Contra o pensamento de preguiça que não agradece aos pais e irmãos:

Sempre agradecendo a Deus pai em todo o tempo e por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sejam submissos uns aos outros por reverência a Cristo. (Efésios 5: 20-21)

Da Carta de Paulo aos Filipenses

51. Contra a alma que não sabe que, para um ser humano, sofrer por Cristo é uma dádiva do Espírito:

Pois ele concedeu a vocês não apenas o privilégio de acreditar em Cristo, mas ainda de sofrer por ele, uma vez que partilham da mesma luta. (Filipenses 1: 29-30)

Da Carta de Paulo aos Hebreus

52. Contra os pensamentos da alma que são postos em movimentos pela preguiça e pretendem abandonar o caminho sagrado dos homens respeitáveis e seu lugar de moradia:

Vocês precisam perseverar, para que depois de terem cumprido a vontade de Deus recebam o que foi prometido. Porque logo ‘aquele que irá chegar virá e não demorará; meu justo vive pela fé. Minha alma não se agrada de quem torna atrás’. (Hebreus 10: 36-38)

53. Contra a alma que nos incita a ver a cidade, minha família e as pessoas de quem eu gosto e que vivem lá:

Pois nós não temos uma pátria definitiva, mas esperamos pela pátria que virá. (Hebreus 13: 14)

54. Contra a alma que sucumbiu à preguiça e à tristeza e que em seu coração reconhece ter sido lançada ao castigo dos demônios:

Outros sofreram humilhações e surras, foram acorrentados e aprisionados. Foram apedrejados até a morte, cortados ao meio, mortos a espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e cabras, destituídos, perseguidos e humilhados – estes o mundo não mereceu. Viveram errando pelos desertos e as montanhas, morando em cavernas e em buracos no chão. (Hebreus 11: 36-38)

55. Contra os pensamentos de preguiça que se irritam com os santos padres sob o pretexto de que eles são insensíveis e não querem consolar os irmãos, e assim estes pensamentos são alimentados por causa deles e não querem ser submetidos a eles:

Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles, pois eles velam por suas almas e levarão isto em conta. Deixe que façam isso com alegria e não gemendo. (Hebreus 13: 17)

Da Carta de Tiago

56. Contra o pensamento da alma que se entristece por causa do espírito de preguiça que persiste nela e corrompe sua condição:

Irmãos, quando tiverem que enfrentar desafios de qualquer espécie, considerem isto como uma alegria, porque vocês sabem que a fé testada produz a perseverança; e deixem que a perseverança mostre todo o seu efeito, para que vocês se tornem maduros e completos, sem nada que lhes falte. (Tiago 1: 2-4)

57. Contra o intelecto que, devido ao pensamento de preguiça, é atirado de um lado para outro, num momento saindo de lugares com rancor, outras puxado pela garganta para outro lugar perto de seus irmãos ou parentes no mundo – uma condição que o humilha e enfraquece:

Feliz é o homem que suporta a tentação. Este passou no teste e recebe a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. (Tiago 1: 12)



Bendito seja nosso Senhor Jesus Cristo, que nos concedeu a vitória sobre os pensamentos do demônio da preguiça e da indiferença!



LIVRO SÉTIMO

Contra os Pensamentos do Demônio da Vanglória

Do Gênesis

1. Contra o pensamento do demônio da vanglória que nos adverte para voltarmos imediatamente ao mundo num tempo impróprio sob o pretexto de que devemos instruir os irmãos e irmãs e persuadi-los a seguir a vida monástica:

Salve sua vida por todos os meios; não olhe ao redor para o que ficou atrás, nem para a cidade à sua volta, mas escape para a montanha, para não ser pego junto com eles. (Gênesis 19: 17)

De Números

2. Contra o pensamento de vanglória que cria ciúme em mim dos irmãos que receberam do Senhor a dádiva do conhecimento:

Você está com ciúme de mim? Quisera eu que todo o povo de Deus fosse de profetas, e que o Senhor colocasse seu espírito sobre todos. (Números 11: 29)

3. Contra a alma que recebeu pensamentos impuros, desejos de sacerdócio devido à vanglória que a tomou, e não reconhece o perigo que isto[33] representa:

E Eleazar o filho do sacerdote Aarão trouxe os incensórios de bronze, que foram trazidos pelos homens que foram queimados, e os colocaram como cobertura no altar: um memorial para os filhos de Israel, de que nenhum estrangeiro pode se aproximar se não for da linhagem de Aarão, para oferecer incenso perante o Senhor; para que não aconteça como com Coré e os que conspiraram com ele, conforme disse o Senhor a ele pela mão de Moisés. (Números 16: 39-40)

Do Deuteronômio

4. Contra o pensamento de vanglória que age com justiça por causa dos seres humanos:

Você deve procurar a justiça com justeza, para que possa viver e herdar a terra que o Senhor seu Deus lhe deu. (Deuteronômio 16: 20)

5. Contra o pensamento de vanglória que está encangado com frases a respeito das aquisições ascéticas e que puxa o arado da vanglória:

Você não deve encangar um arado com um boi e um asno juntos. (Deuteronômio 22: 10)

De Samuel

6. Contra o pensamento de vanglória que diz: ‘Veja, você é honrado entre seus irmãos’:

Eu sou uma pessoa humilde e não honrada. (I Reis 18: 23)

Do Livro de Reis

7. Contra a alma que, por causa da vanglória, não quer abandonar um lugar que é inadequado para habitação:

E os filhos dos profetas disseram a Eliseu: ‘Veja agora, o lugar em que morávamos é agora muito apertado para nós. Deixe-nos ir, nós lhe pedimos, para o Jordão, e que cada homem pegará um tronco e construiremos para cada um uma habitação’. E ele disse: ‘Vão’. (IV Reis 6: 1-3)

De Davi

8. Contra a alma que, devido à vanglória que a tomou, supõe que os demônios falavam a verdade quando lhe prometeram o sacerdócio:

 Não existe verdade na sua boca; seu coração é vão; sua garganta é um sepulcro aberto; com sua língua eles cometem fraudes. (Salmo 5: 9)

9. Contra os pensamentos de vanglória que nos incitam a ensinar os irmãos e as pessoas do mundo quando ainda não adquirimos a saúde em nossa alma:

A andorinha encontrou um lar para si, e a pomba encontrou seu ninho, onde poderá criar seus filhotes; são estes os seus altares, Senhor dos exércitos. (Salmo 84: 3)

10. Contra os pensamentos de vanglória que tornam inútil o intelecto com todo o tipo de pensamentos, às vezes fazendo dele o guardião do tesouro de Deus e às vezes de capataz dos irmãos:

Afastem-se de mim, malfeitores, porque eu busco os mandamentos de meu Deus. (Salmo 119: 115)

11. Contra o pensamento de vanglória que me adverte inflexivelmente de que eu devo me retirar da irmandade e fechar-me em relação aos meus irmãos, supondo que eles me desviam de meu caminho:

O orgulho ocultou uma rede sob meus pés. (Salmo 140: 5)

Dos provérbios de Salomão

12. Contra o pensamento de vanglória que nos compele a falar muito sobre coisas supérfluas – este excesso rapidamente se torna aparente nos monges que vivem reclusos, mas que, devido à vanglória, se atiram nos negócios do mundo e dão alegres boas vindas às pessoas que vêm assistir as disputas que eles fazem entre si:

Não é com uma multidão de palavras que você escapará do pecado, mas refreando a sua língua e sendo prudente. (Provérbios 10: 19)

13. Contra o pensamento que, antes que tenhamos adquirido estabilidade, nos aconselha a presidir os irmãos e guiar suas almas no conhecimento de Cristo:

Existe um caminho que parece correto para os homens, mas no fim do qual estão as profundezas do inferno. (Provérbios 14: 12)

14. Contra o pensamento de vanglória que nos incita a abandonar as Escrituras, porque não conseguimos captar sua força:

Quem responde antes de escutar a demanda comporta-se como tolo e merece reprovação. (Provérbios 18: 13)

15. Contra o pensamento de vanglória que encoraja os muito jovens a se estabelecerem por si próprios:

Um jovem em companhia de alguém mais velho será contido em seus artifícios, e então seu caminho será reto. (Provérbios 20: 11)

16. Contra o pensamento de vanglória que nos aconselha a que sejamos fiadores das pessoas do mundo, quando o credor começa a importuná-las:

Não seja fiador do respeito de um homem, porque se ele não puder pagar a compensação, [seus credores] levarão a cama sob o seu corpo. (Provérbios 22: 26-27)

17. Contra a alma que, por causa da vanglória, conta alguns dos segredos monásticos às pessoas do mundo:

Não diga nada aos ouvidos dos tolos, para que eles não riam de suas sábias palavras. (Provérbios 23: 9)

18. Contra os pensamentos que nos incitam a retornar para o mundo para benefício daqueles que nos veem:

As palavras dos malandros astuciosos são doces, mas golpeiam até o fundo dos intestinos. (Provérbios 28: 22)

19. Contra o demônio que, em relação às grandes tentações que nos atacam abertamente, nos convencem a permitir isto – o que, de acordo com o profeta João, se deve à vanglória; devemos responder tal como este homem abençoado o fez:

Um inimigo choroso promete tudo com seus lábios, mas em seu coração ele trama uma fraude. Ainda que se inimigo implore a você em altos brados, não consinta, porque em seu coração existem sete abominações. (Provérbios 28: 24-25)

20. Contra o pensamento que, por causa da vanglória, nos compele a tornar conhecido nosso respeitável modo de vida:

Deixe que seu vizinho, e não sua própria boca, o elogie; deixe que o elogie um estrangeiro, mas não seus próprios lábios. (Provérbios 29: 2)

Do Eclesiastes

21. Contra o pensamento de vanglória que nos compele a falar quando não devíamos e nos aconselha o silêncio quando é hora de falar:

Existe um tempo para calar e um tempo para falar. (Eclesiastes 3: 7)

De Jó

22. Contra a alma que não está convencida de que Satanás também conhece aqueles que servem ao Senhor:

Então o diabo perguntou e disse diante do Senhor: ‘Então Jó adora a Deus por nada? Você não colocou uma cerca ao seu redor, ao redor de sua casa e de todas as suas propriedades ao redor? Não abençoou você o trabalho de suas mãos, e não multiplicou o gado sobre seus campos?’. (Jó 1: 9-10)

De Isaías

23. Contra o demônio que nos adverte, dizendo: ‘Eu vou torná-lo ilustre em todos os lugares e perante o mundo todo’ – e a ideia de que vá nos auxiliar nisso:

Mas o Senhor dos exércitos enviará desonra sobre a sua honra, e um fogo ardente queimará sua glória. (Isaías 10: 16)

24. Contra a alma que ama a glória dos seres humanos mais do que o conhecimento de Cristo:

Toda carne é como a relva, e a glória humana como as flores da relva; a relva resseca, e as flores morrem; mas a palavra de Deus permanece para sempre. (Isaías 40: 6-8)

De Jeremias

25. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de glória que persistem em nós e que rebaixam o intelecto que foi previamente ferido pelos demônios da raiva, da tristeza e do orgulho:

Cure-me, Senhor, e ficarei curado; salve-me, e estarei salvo; pois o Senhor é meu louvor. (Jeremias 17: 14)

Das Lamentações de Jeremias

26. Contra o demônio que, enquanto eu dormia à noite, me fez pastor de um rebanho, e que, durante o dia, interpretou o sonho para mim, dizendo: ‘Você será um sacerdote, e aqueles que o querem logo virão para buscá-lo’:

Todos os meus inimigos destruíram minha vida num poço sem fundo, e colocaram uma pedra sobre mim. (Lamentações 3: 53)

De Daniel

27. Contra o demônio que ataca nosso intelecto e diz: ‘Veja, logo você será arrebatado aos céus[34]’ – alguns irmãos tiveram este pensamento e mergulharam numa feroz tempestade e naufragaram:

Você mentiu contra sua própria cabeça: e agora o anjo de Deus recebeu a sentença de Deus de cortá-lo ao meio. (Daniel 13: 55)

28. Contra o demônio que promete em nosso coração que, por nossa sabedoria, nos tornará famoso entre reis e juízes:

Também você mentiu contra sua própria cabeça; assim, o anjo de Deus aguarda com sua espada para cortá-lo em dois e destruí-lo. (Daniel 13: 59)

Do Evangelho de Mateus

29. Contra o pensamento de vanglória que, antes de praticar os mandamentos de Deus, pretende ensiná-los aos irmãos.

Quem ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus. (Mateus 5: 19)

30. Contra o pensamento de vanglória que se agarra a atos de piedade e torna o intelecto perverso:

Evitem praticar a piedade aos demais apenas para serem vistos; pois então não receberão a recompensa de seu Pai que está nos céus. (Mateus 6: 1)

31. Contra o pensamento de vanglória que surge em nós no momento da prece pura e amarra o intelecto do modo como quer, embora o intelecto seja invisível e sem forma, e o representa orando ao divino – isto acontece ao intelecto que está perturbado pela paixão da vanglória e provém do demônio que no momento da prece se aproxima do lugar com o pretexto de que isto deve ser tornado visível às mulheres e crianças (aquele que entender, entenda):

Quando orarem, não sejam como os hipócritas: pois estes gostam de ficar em pé nas sinagogas e nas ruas, para serem vistos pelos outros. Em verdade eu lhes digo, eles já receberam sua recompensa. (Mateus 6: 5)

32. Contra os pensamentos de vanglória que, sob uma aparência triste, se empenham em revelar nosso jejum, como se o intelecto tivesse se libertado e se despojado dos pensamentos de gula, de modo a desequilibrar o intelecto e capturá-lo num pensamento de vanglória – o demônio maligno faz isto para que o intelecto não consiga permanecer quieto e fixar sua contemplação em Deus, transcendendo todos os pensamentos:

Quando jejuarem, não coloquem uma cara triste, como os hipócritas, que desfiguram seus rostos para mostrar aos outros que estão jejuando. Em verdade lhes digo, eles já receberam sua recompensa. (Mateus 6: 16)

33. Contra os pensamentos de vanglória que compelem a alma a falar palavras vazias, e que procura enredar o intelecto em negócios transitórios, por meio dos quais eles colocam em movimento dentro de nós seja o desejo ou a ira, ou que representam no intelecto visões obscenas que destroem a condição de pureza que adorna e coroa a oração:

Eu digo a vocês, no dia do Juízo vocês prestarão contas de cada palavra descuidada que pronunciaram; pois por suas palavras vocês serão justificados, e por elas serão condenados. (Mateus 12: 36-37)

Do Evangelho de Lucas

34. Contra os pensamentos que chegam junto com a alegria que os espíritos impuros retiram de nosso coração:

Não se regozijem com isto, de que os espíritos se submetem a vocês; regozijem-se de que seus nomes estejam escritos nos céus. (Lucas 10: 20)

Do Evangelho de João

35. Contra o demônio que diz em meu coração: ‘Veja como você é proficiente com o dom de cura que você recebeu’:

Quando ele mente, ele o faz de acordo com sua própria natureza, porque ele é o enganador, e pai da mentira. (João 6: 44)

Dos Atos dos Apóstolos

36. Contra o demônio que me aconselha a obter o sacerdócio com dinheiro:

Que sua prata pereça com você, porque pensou que poderia obter o dom de Deus com dinheiro! (Atos 8: 20)

Da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios

37. Contra a alma que está perturbada pela vanglória e deseja aprender a sabedoria dos Gregos:

Porque a sabedoria deste mundo é loucura para quem está com Deus. (I Coríntios 3: 19)

Da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios

38. Contra o pensamento de vanglória que pretende jactar-se do trabalho de um estilo de vida estável:

Aquele que se gloriar, glorie-se no Senhor. Pois não é aquele que se recomenda que será aprovado, mas aquele a quem o Senhor condecora. (II Coríntios 10: 17-18)

Da Carta de Paulo aos Gálatas

39. Contra o pensamento de vanglória que nos encoraja a persuadir nossos parentes de que se viermos com justiça a vida monástica seremos dignos da saúde da alma e do conhecimento da verdade:

Devo buscar a aprovação dos homens, ou a aprovação de Deus? Estou tentando agradar às pessoas? Se eu ainda estivesse agradando aos homens, eu não seria escravo de Cristo. (Gálatas 1: 10)

Da Carta de Paulo aos Hebreus

40. Contra o pensamento de vanglória que me aconselha a fazer algo para que eu consiga ser honrado com o sacerdócio:

Não tente alguém obter esta honra, mas receba-a apenas se for chamado por Deus. (Hebreus 5: 4)

Da Carta de Tiago

41. Contra o pensamento de vanglória que nos encoraja a ensinar embora não tenhamos ainda obtido a saúde da alma e o conhecimento da verdade:

Nem todos vocês se tornarão professores, irmãos, pois vocês sabem que nós que ensinamos seremos julgados com maior rigor. Qualquer um que não cometa erros ao falar é perfeito, capaz de manter todo o corpo sob o controle de um freio. (Tiago 3: 1-2)

42. Contra os pensamentos de vanglória que exigem o dom da cura ou o conhecimento de Deus:

Vocês pedem e não recebem, porque pedem errado, de modo a satisfazer os seus prazeres. (Tiago 4: 3)

Da Primeira Carta de João

43. Contra os pensamentos de vanglória que buscam o mundo e representam sua glória diante de nossos olhos:

Não amem o mundo ou as coisas do mundo. O amor do Pai não está naqueles que amam o mundo. (I João 2: 15)


Bendito seja nosso Senhor Jesus Cristo, que nos deu a vitória sobre os pensamentos do demônio da vanglória!



LIVRO OITAVO

Contra os Malditos Pensamentos de Orgulho

Do Gênesis

1. Contra o pensamento de orgulho que me diz: ‘Eu sou o santo de Deus’:

Você será maldita abaixo de todas as manadas e de todas as feras da terra, e rastejará sobre seu ventre, e comerá o pó da terra todos os dias de sua vida. (Gênesis 3: 15)

2. Contra o pensamento de orgulho que me glorifica e exalta, sob o pretexto de que eu sou puro e que já não recebo pensamentos vergonhosos:

Agora eu comecei a falar com meu Senhor, mas eu não passo de terra e cinzas. (Gênesis 18: 27)

3. Contra o pensamento blasfemo que nega que é Deus quem me alimenta e rejeita o anjo que me assiste:

Deus continua me alimentando, de minha juventude até os dias de hoje; e o anjo me livra de todo o mal. (Gênesis 48: 15-16)

Do Êxodo

4. Contra a alma que pretende aprender o que dizem os orgulhosos demônios quando nos veem investigando os assuntos espirituais:

Deixe que o trabalho desses homens se torne doloroso, e que eles cuidem destas coisas e não se ocupem com palavras vãs. (Êxodo 5: 9)

5. Contra o orgulhoso pensamento que rejeita a salvação de Deus, com cujo auxílio derrotamos outros sete demônios, companheiros do demônio do orgulho:

Vamos cantar ao Senhor, porque ele é glorificado acima de tudo: ele derrubou cavalos e cavaleiros no mar. Ele foi meu protetor e o auxílio de minha salvação. (Êxodo 15: 1-2)

 6. Ao Senhor, em relação ao pensamento de orgulho que me glorifica com o pretexto de que por minha grande força eu derrotei os demônios da tristeza:

Sua mão direita, ó Deus, foi glorificada por sua força; sua mão direita, ó Deus, destruiu os inimigos; na abundância de sua gloria, os inimigos foram feitos em pedaços. (Êxodo 15: 6-7)

7. Contra os pensamentos de orgulho que compelem a alma a desdenhar os santos anjos sob o pretexto de que eles não podem instruí-la a respeito dos erros que ela comete, de modo que ela os abandona por pensar estas coisas e logo volta a sucumbir aos demônios malignos do pensamento do orgulho:

Veja, eu enviei meu anjo diante de sua face, para que ele o mantenha no caminho, para que ele o conduza à terra que eu preparei para você. Preste atenção nele e ouça-o, e não o desobedeça; senão ele não o conduzirá mais, porque ele traz o meu nome consigo. (Êxodo 23: 20-21)

Do Levítico

8. Contra o pensamento de orgulho que nos diz para desprezarmos nossos santos padres sob o pretexto de que eles não trabalharam tanto quanto nós por seu modo de vida:

Você deve se levantar diante de uma cabeça encanecida, e honrar a face dos idosos, e temer a seu Deus: eu sou o Senhor seu Deus. (Levítico 19: 32)

9. Contra o pensamento blasfemo que envia o intelecto para a completa ruína:

Quem quer que amaldiçoe a Deus deverá suportar seu pecado. E o que nomear o nome de Deus, sucumbirá à morte: toda a congregação de Israel irá apedrejá-lo com pedras. (Levítico 24: 15-16)

De Números

10. Ao Senhor por causa dos pensamentos blasfemos que persistem em nós e destroem a franqueza da oração:

Levante-se, ó Deus, e deixe que nossos inimigos sejam destroçados; que fujam todos os que o odeiam. (Levítico 10: 35)

11. Contra a alma que desconhece a beleza do conhecimento e que foi convencida pelo demônio que a aconselhou a evitar o conhecimento de Cristo e os santos mandamentos, os quais este demônio deprecia aos nossos olhos:

Josué filho de Nun e Caleb filho de Jefoné, que espionaram a terra, rasgaram suas roupas e disseram a toda a congregação dos filhos de Israel: ‘A terra que visitamos é extremamente boa. Se o Senhor nos escolheu, ele nos levará até esta terra, e a dará a nós, uma terra onde corre o leite e o mel. Apenas não se afastem do Senhor’. (Números 14: 6-9)

Do Deuteronômio

12. Contra o pensamento blasfemo que nos faz cogitar se Deus está ou não em nós:

Você não deve tentar o Senhor seu Deus. (Deuteronômio 6: 16)

13. Contra a alma que orgulhosamente supõe que com sua própria força conquistou os demônios que se opõem ao cumprimento dos mandamentos:

Não diga em seu coração: ‘Minha força e o poder de minhas mãos conseguiram para mim esta grande riqueza. Mas lembre-se do Senhor seu Deus, que lhe deu a força para conquistar estas riquezas’. (Deuteronômio 8: 17-18)

14. Contra o pensamento que supõe ser devido à sua correção e justiça que os inimigos foram vencidos e que ele entrou na herança do conhecimento de Cristo:

Não diga em seu coração, quando o Senhor seu Deus tiver destruído estas nações diante de sua face: ‘Por minha justiça o Senhor me concedeu em herança esta boa terra’. Pois não foi por sua justiça, nem pela santidade de seu coração, que você herdou esta terra, mas foi por causa da fraqueza destas nações que o Senhor as destruiu diante de sua face. (Deuteronômio 9: 4-5)

15. Contra o demônio que me diz que todas as pessoas me consideram bendito e que sou o progenitor de muitos sábios:

Maldito será você nas cidades e maldito nos campos. Maldito nos celeiros e nos mercados. Maldita a prole de seu corpo e os frutos de suas terras. (Deuteronômio 28: 16-17)

 16. Contra o pensamento blasfemo que nega o livre arbítrio que existe em nós e diz que pecamos e somos justificados contra a nossa vontade, e que, portanto, a condenação não é decretada com justiça:

Veja, neste dia eu dispus à sua frente a vida e a morte, o bem e o mal. (Deuteronômio 30: 15)

De Josué filho de Nun

17. Contra os pensamentos da alma que não está ciente de que nem todo anjo que nos aparece subitamente pertence ao Senhor, a menos que, quando fale, trouxer uma alegria e uma paz perfeita à alma, depois de sua aparência nos fazer tremer e temer – enquanto que os demônios em suas aparições não trazem esta paz, mas impõem um grande medo e tremor na alma e no corpo, provocando desordem e agitação no coração com suas vozes cínicas:

E aconteceu que quando Josué estava em Jericó ele olhou para cima e viu um homem de pé diante dele, com uma espada desembainhada em sua mão; Josué se aproximou e disse a ele: ‘Você é dos nossos ou está do lado de nossos inimigos?’. E o homem respondeu: ‘Sou eu, o capitão dos exércitos do Senhor’. E Josué caiu com seu rosto por terra, e disse a ele: ‘Senhor, o que você ordena ao seu servo?’. (Josué 5: 13-15)

De Samuel

18. Contra o pensamento de orgulho que nega a graça de Deus:

Se um homem peca grandemente contra outro, ele pode orar a Deus por si; mas se um homem peca contra o Senhor, quem poderá orar por ele? (I Reis 2: 25)

Do Livro dos Reis

19. Contra a alma que busca e aprecia ajoelhar-se, e trabalha para humilhar o demônio blasfemo que procura deter e cancelar a oração:

Então Elias subiu o monte Carmelo, sentou-se no chão e colocou seu rosto entre os joelhos. (III Reis 18: 42)

20. Contra a alma que é sacudida por pensamentos aterrorizantes de blasfêmia e decai da franqueza da oração:

Não tema as palavras que você ouviu, com as quais os servidores do Rei dos Assírios blasfemaram. Veja, eu enviei um sopro violento sobre ele, e ele escutará um boato, e voltará para sua terra; então eu o derrubarei com minha espada em sua própria terra. (IV Reis 19: 6-7)

21. Ao Senhor, em relação às palavras com as quais o demônio nos fala blasfêmias indizíveis contra o Senhor, coisas que não posso escrever, para não sacudir os céus e a terra; pois em sua raiva este demônio perde o medo e diz enormes blasfêmias contra Deus e os santos anjos – aqueles que já receberam esta tentação sabem do que estou falando – e no momento desta tentação a melhor coisa é o jejum, a leitura das Escrituras e uma oração incessante oferecida com lágrimas:

Senhor Deus de Israel, que habitas acima dos querubins, único deus sobre todos os reinos da terra, que fez os céus e a terra. Incline seu ouvido, Senhor, e ouça; abra, Senhor, seus olhos, e veja; e ouça as palavras de Senaqueribe,  que as enviou para ofender o Deus vivo. (IV Reis 19: 15-16)

De Esdras

22. Ao Senhor, em relação ao pensamento de orgulho que nega que a vitória vem de Deus:

De você vem a vitória, de você a sabedoria, sua é a glória, eu sou seu servo; bendito seja, você que dá a sabedoria; a você eu dou graças, Senhor de nossos pais. (I Esdras 4: 59-60)

De Davi

23. Ao Senhor, em relação aos pensamentos blasfemos que persistem em mim:

Senhor meu Deus, em você eu confio; salve-me de todos os que me perseguem, e liberte-me, para que em nenhum momento o inimigo capture minha alma como um leão, sem ter quem me resgate, nem quem me salve. (Salmo 7: 1-2)

24. Ao Senhor, em relação ao demônio do orgulho que se aproxima de nós como um anjo de luz[35], liderando um grande exército de demônios consigo:

Não deixe que o pé do orgulho venha pisar em mim, nem que a mão dos pecadores me expulsem. (Salmo 36: 11)

25. Ao Senhor, em relação ao pensamento de orgulho que nega o auxílio de Deus e atribui a vitória à sua própria força:

Pois eu não confiarei no meu escudo, e minha espada não me salvará. Pois foi você quem nos salvou daqueles que nos afligiam, e humilhou os que nos odiavam. (Salmo 44: 6-7)

26. Contra o demônio que promete interpretar as Escrituras para nós – devemos dizer o que o santo padre Macário disse:

Ao pecador o Senhor disse: ‘Por que você repete as minhas ordens, e coloca meu compromisso em sua boca? Pois ao mesmo tempo você odeia a instrução, e joga fora minhas palavras’. (Salmo 50: 16-17)

27. Contra os pensamentos de orgulho que rodeiam o intelecto e o atiram à ruína completa:

Por quanto tempo você assaltará um homem? Você o está atacando como se fosse um muro inclinado ou uma cerca quebrada. (Salmo 62: 4)

28. Ao Senhor, em relação aos pensamentos de orgulho que persistem em nós e fazem com que o intelecto deixe a sinceridade no momento da prece:

As palavras dos transgressores me subjugaram, mas perdoe-me por meus pecados. (Salmo 65: 3)

29. Contra os pensamentos de blasfêmia que me falam coisas indizíveis a respeito do Senhor:

Não ergam seus cornos, nem proclamem injustiças contra Deus. (Salmo 75: 5)

30. Contra o pensamento de orgulho que me glorifica com o pretexto de que eu edifico as almas por meio de um modo de viva correto e o conhecimento de Deus:

A menos que o Senhor construa a casa, aqueles que constroem trabalham em vão; a menos que o Senhor proteja a cidade, os sentinelas vigiam em vão. (Salmo 127: 1)

Dos Provérbios de Salomão

31. Contra o pensamento de orgulho que ridiculariza os irmãos, pretextando: ‘Veja, eles estão negligenciando o serviço dos mandamentos’:

O Senhor se opõe ao orgulhoso, e concede sua graça ao humilde. (Provérbios 3: 34)

32. Contra a alma que pretende descobrir qual é o alimento dos demônios cruéis:

Pois estes vivem do pão da impiedade e bebem do vinho da transgressão. (Provérbios 4: 17)

33. Contra o pensamento de orgulho que faz com que eu evite ver os irmãos, sob o pretexto de que eles não têm tanto conhecimento quanto eu:

Os que andam com os sábios se tornarão sábios, e os que andam com tolos se tornarão tolos. (Provérbios 13: 20)

34.  Contra o pensamento de orgulho que no momento de uma severa e prolongada tentação me impede que rogar a Deus por meio dos irmãos:

O irmão que é ajudado pelo irmão é forte como uma cidadela armada. (Provérbios 18: 19)

35. Contra o pensamento de orgulho que faz com que eu me considere puro e vitorioso:

Quem vai alardear que possui um coração puro? Quem poderá que está purificado dos pecados? (Provérbios 20: 9)

36. Contra o pensamento de orgulho que diz ter vencido o medo:

Bendito é o homem que teme sempre e religiosamente; mas aquele que é duro de coração tombará na perversidade. (Provérbios 30: 14)

Do Eclesiastes

37. Contra o pensamento de orgulho que menospreza os irmãos devido ao nosso nascimento carnal, supondo que isto constitui uma glória pessoal:

Tudo vai para o mesmo lugar; tudo foi formado do pó, e retornará ao pó. (Eclesiastes 3: 20)

38. Contra o pensamento de orgulho que nos mostra os pecados dos irmãos:

Não existe um homem justo sobre a terra, que só faça o bem e que nunca peque. (Eclesiastes 7: 20)

39. Contra o demônio que me diz: ‘Veja, você se tornou um monge perfeito’:

Existe esperança para ele, porque um cachorro vivo é melhor do que um leão morto. (Eclesiastes 9: 4)

De Jó

40. Contra o demônio que “cura” a pessoa madura da humildade e a conduz ao orgulho dos enfermos:

Vocês são maus médicos e curadores de doenças charlatões. (Jó 13: 4)

41. Contra o pensamento que captura o intelecto em blasfêmias contra Deus:

Não falaram vocês diante do Senhor, não o defraudaram por completo? (Jó 13: 7)

42. Contra o pensamento de orgulho que fica rememorando para mim os pecados dos irmãos:

Quem pode se dizer livre de impurezas? Certamente ninguém, e ainda que sua vida não passe de um dia sobre a terra e que ele conte seus próprios meses. (Jó 14: 4-5)

43. Contra a alma que, por ter sido capturada pelo orgulho, imagina que seu modo de vida é uma oferenda aceitável a Deus:

Pois o que importa a Deus se vocês foram irreprocháveis em seus trabalhos? (Jó 22: 3)

De Zacarias

44. Contra o pensamento do demônio que compele o intelecto a cometer impiedades contra os céus:

Que o Senhor o repreenda, demônio, que o Senhor o repreenda, pois ele escolheu Jerusalém. (Zacarias 3: 2)

De Isaías

45. Contra o demônio que me exalta como se eu fosse um homem sábio:

Sofrimento para os que são sábios em seu próprio conceito, e que possuem conhecimento em sua própria opinião. (Isaías 5: 21)

46. Contra a alma que não está convencida de que nada assusta os demônios e os aterroriza tanto como o conhecimento de Cristo, que desmascara todas as suas estratégias e revela a crueldade de seus pensamentos secretos:

E a terra dos Judeus representará o terror para os Egípcios; eles temerão toda vez que alguém mencionar seu nome para eles por causa da advertência que o Senhor dos exércitos estabeleceu a respeito. (Isaías 19: 17)

De Jeremias

47. Contra os pensamentos blasfemos e orgulhosos que veem os demônios como se fossem deuses:

Diga a eles: ‘Deixe que os deuses que não fizeram os céus e a terra pereçam sob os céus e sobre a terra’. (Jeremias 10: 11)

48. Ao Senhor, em relação ao pensamento de orgulho que me glorifica e diz: ‘Veja, você saiu vitorioso contra os inimigos’:

Eu sei, Senhor, que o caminho de um homem não lhe pertence, assim como sei que ele não dirige a via pela qual anda. (Jeremias 10: 23)

Das Lamentações de Jeremias

49. Contra a alma que está entristecida por causa de um pensamento blasfemo:

Pois o Senhor não rejeitará para sempre. Pois o mesmo que derrubou terá piedade na medida da abundância de sua misericórdia. Ele não responde com ódio no coração, mesmo que tenha afligido os filhos dos homens. (Lamentações 3: 31-33)

50. Ao Senhor, em relação aos pensamentos blasfemos que recobrem o intelecto no momento da oração:

Você nos visitou encolerizado e nos expulsou, açoitou-nos sem piedade. Você se cobriu com uma nuvem contra nossa prece, de modo que eu fiquei cego e fui rejeitado. Você nos atirou sozinhos em meio às nações. (Lamentações 3: 43-45)

De Ezequiel:

51. Contra o demônio de orgulho que chama a si próprio de Deus:

Poderá você afirmar realmente: ‘Eu sou Deus’, perante aqueles que o matarão? Pois você é homem, não Deus. Você morrerá pelas mãos de estrangeiros em meio a uma multidão de incircuncisos; eu o afirmo, disse o Senhor. (Ezequiel 28: 9-10)

Do Evangelho de Mateus

52. Contra a alma que menospreza um irmão sob o pretexto de que ele é negligente e que, por estar presa pelos grilhões do orgulho, não reconhece a magnitude dos próprios pecados:

Por que você enxerga a palha no olho do seu irmão, mas não vê a viga em seu próprio olho? (Mateus 7: 3)

53. Contra o demônio blasfemo que fala mentiras – a comida estragada dos pensamentos:

Não é o que entra na boca que prejudica a pessoa, mas o que sai dela. (Mateus 15: 11)

Do Evangelho de Marcos

54. Contra a alma que está oprimida por pensamentos de orgulho e não sabe como expulsá-los de si:

Este tipo (de demônio) só sai à custa de muita oração e jejum. (Marcos 9: 29)

55. Contra o intelecto orgulhoso que pretende ser o primeiro dentre os irmãos:

Quem quiser ser o primeiro seja o último, e servidor dos demais. (Marcos 9: 35)

Do Evangelho de Lucas

56. Contra o pensamento orgulhoso que acha que não precisa de nada além dos mandamentos de Deus:

Somos trabalhadores inúteis; fizemos apenas o que tínhamos para fazer. (Lucas 17: 10)

57. Contra o pensamento de orgulho que se justifica e não se agrada do que é cumprido pelos irmãos enfraquecidos:

Quem se exalta será humilhado, e os que se humilham serão exaltados. (Lucas 14: 11)

Da Carta de Paulo aos Romanos

58. Contra o pensamento de orgulho que menospreza um irmão que não se alimenta e o considera como um fraco, pretextando: ‘Alimentado, ele não é capaz de permanecer em pé numa batalha, quanto mais jejuando’:

Aqueles que comem não devem desprezar os que se abstêm. (Romanos 14: 3)

59. Contra o pensamento de orgulho que julga alguém que come, dizendo: ‘Isto é porque ele não é capaz de se controlar’:

E quem se abstém de comer não julgue aqueles que comem. (Romanos 14: 3)

Da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios

60. Contra o pensamento orgulhoso que me glorifica, pretextando: ‘Eu sou capaz’, não apenas de não ser escravizado pelo ventre, como também para triunfar sobre a ira:

Não eu, mas a graça de Deus que vive em mim. (I Coríntios 15: 10)

Da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios

61. Contra a alma que não está convencida de que o próprio Satanás imita um anjo de verdade e se torna mestre de falsos conhecimentos:

Mesmo Satanás pode se disfarçar em anjo de luz. Assim, não se deve estranhar que e seus ministros se disfarcem de ministros de justiça. Seu fim virá de acordo com suas obras. (II Coríntios 11: 14-15)

Da Carta de Paulo aos Gálatas

62. Contra os pensamentos de orgulho que menosprezam os irmãos que tropeçam por causa de suas faltas:

Irmãos, se alguém for pego em transgressão, os que receberam o Espírito devem restaurar nele o espírito de doçura. Tenham cuidado para que vocês próprios não sejam tentados. (Gálatas 6: 1)

Da Carta de Paulo aos Filipenses

63. Contra o pensamento de orgulho que me exalta com o pretexto de que eu alcancei a perfeição a serviço dos mandamentos:

Não que eu já tenha alcançado, ou que tenha me tornado perfeito; mas me apresso para tornar meu aquilo pelo quê Jesus Cristo me fez seu servidor. (Filipenses 3: 12)

Da Primeira Carta de João

64.  Contra o pensamento de orgulho que me exalta com o pretexto de que não existe imagem de pecado em meus pensamentos:

Se dissermos que não temos pecado, fraudamos a nós mesmos, e a verdade não estará em nós. Se confessarmos nossos pecados, aquele que é fiel e justo perdoará nossos pecados e nos lavará de toda injustiça. (I João 1: 8-9)

Da Carta de Judas

65. Contra os pensamentos da alma que exigem do Senhor a saúde total da alma:

Àquele que pode nos impedir de cair e nos manter em pé irrepreensíveis e alegres na presença de sua glória, ao Deus único e nosso Salvador, em Jesus Cristo nosso Senhor, toda glória, majestade, poder e autoridade, agora e sempre, e por todos os séculos dos séculos. Amém. (Judas 24-25)


Bendito seja nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Deus, que nos concedeu a vitória sobre os pensamentos do demônio do orgulho!

































[1] 2 Coríntios 10:4-5.
[2] 1 João 2:15.
[3]  Mateus 6:6.
[4] Eclesiastes 1:13.
[5] Lucas 10:19.
[6] Mateus 4:1-11; Lucas 4:1-13.
[7] Cf. Efésios 6:16.
[8] Ezequiel 18:4.
[9] Eclesiastes 8:11.
[10] Provérbios 26:4-5.
[11] Deuteronômio 32:33.
[12] Salmo 37:8.
[13] 6: 4.
[14] Salmo 119: 7.
[15] Ou seja, Jericó, cf. Deuteronômio 34: 3. O Jordão representa aqui a fronteira entre o “deserto” da prática ascética (praktiké) e a “terra prometida” do conhecimento (theoretiké), de acordo com Gabriel Bunge
[16] Cf. Efésios 6: 11-13.
[17] Cf. Tessalonicenses 5: 17.
[18] Cf. 2 Timóteo 4: 7-8.
[19] I Coríntios 9: 25.
[20] Cf. Tito 3: 2.
[21] Cf. I Timóteo 2: 8.
[22] Cf. Hebreus 12: 4.
[23] 2 Coríntios 10: 5.
[24] Romanos 4: 10; II Coríntios 5: 10.
[25] Tratado Prático ou O Monge.
[26] Salmo 118: 131.
[27] Referência obscura, provavelmente do Eclesiastes.
[28] Esta referência não se encontra no texto da Septuaginta que serve de fonte para a presente tradução.
[29] Segundo a tradição hebraica, Janes e Jambres eram os chefes dos magos que se opuseram a Moisés. Cf. II Timóteo 3: 8.
[30] A palavra empregada pelo tradutor siríaco do texto se refere genericamente a um ‘selvagem’, mas Evagro costumava se referir aos demônios como ‘etíopes’ devido à sua cor escura e conforme o emprego do termo no contexto do Egito dos primeiros séculos da era Cristã.
[31] A palavra “preguiça” deve aqui receber um significado adicional no sentido de “indiferença”, que enriquece a compreensão daquilo de que se trata.
[32] Referência não encontrada.
[33] No caso, a ordenação sacerdotal.
[34] Cf. II Coríntios 12: 2.
[35] Cf. II Coríntios 11: 14.

Nenhum comentário:

Postar um comentário